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A revista Science publicou, no dia 9 de março, artigo intitulado “The spread of true and false news online” (“A divulgação de notícias verdadeiras e falsas on-line“). Assinado por quatro pesquisadores do MIT, o artigo traz a análise de aproximadamente 126 mil estórias verdadeiras e falsas distribuídas no Twitter por mais de 3 milhões de pessoas entre 2006 e 2017.
O estudo traz três conclusões principais. A primeira não é exatamente uma surpresa, ainda que seja bem preocupante: notícias falsas foram divulgadas mais rapidamente, mais amplamente (para mais usuários) e mais profundamente (isto é, foram retuitadas por usuários mais distantes do usuário do post falso inicial) que notícias verdadeiras em todas as categorias de informações, principalmente no caso de notícias falsas sobre política (versus notícias falsas sobre ciências ou economia). Enquanto notícias verdadeiras raramente são espalhadas para mais de 1000 pessoas, as notícias falsas mais divulgadas chegam a afetar até 100 000 pessoas.
A segunda conclusão, corroborando meus estudos, é que as notícias falsas tendem a ser mais “novas” ou chamativas que as verdadeiras. Em “ESTE É O TEXTO MAIS IMPORTANTE QUE VOCÊ LERÁ HOJE SOBRE O FAKE NEWS: Definição, Causas e Regulação”, argumentei que o modelo de financiamento de mecanismos de busca e redes sociais, baseado em cliques, reações e compartilhamentos, incentiva a produção e divulgação de notícias com títulos chamativos e temas polêmicos, capazes de gerar uma reação emocional (geralmente, ódio e medo) nos consumidores em potencial. Neste cenário, a notícia falsa tem muito maior potencial para ser compartilhada do que a verdadeira.
A terceira conclusão – e, ao meu ver, a mais surpreendente – é que os bots, isto é, softwares ou scripts desenvolvidos para agirem como um ser humano online, divulgaram tanto notícias verdadeiras como falsas sem distinção, o que significa que os bots não têm tido um papel significativo na propagação do fenômeno do fake news. Assim, dizem os pesquisadores, “concluímos que o comportamento humano contribui mais para a disseminação diferencial da falsidade e da verdade do que robôs automatizados. Isso implica que as políticas de contenção de desinformação também devem enfatizar intervenções comportamentais, como rotulagem [de textos como falsos] e incentivos para dissuadir a disseminação de informações errôneas, em vez de se concentrar exclusivamente na redução de bots”.
Por Marcelo Cárgano
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