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A confiança é o último dragão do mundo corporativo?

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A CONFIANÇA É O ÚLTIMO DRAGÃO DO MUNDO CORPORATIVO

Filmes, séries e livros são fontes incríveis de inspiração, como um reflexo do momento que estamos passando, gerando identificação e reflexão. Meus preferidos são aqueles conteúdos que enquanto leio, ouço ou assisto transformam minha cabeça numa fábrica de ideias e, de certa forma, uma autoanálise.  

O time Klabin sabe bem, muitas das práticas de gestão implementadas foram diretamente inspiradas nessas fontes. Às vezes é só entretenimento, às vezes é uma certa luz para o caminho, resolver problemas de forma criativa, mudar comportamentos, acho muito interessante.  

Recentemente, tirei férias e precisava muito de um tempo para me desconectar e reconectar comigo novamente, a quarentena faz nossa caminhada corporativa parecer aquelas esteiras de academia configuráveis para que pareça uma ladeira! É preciso aliviar esse peso e, claro, o noticiário traz toda a frustração com a humanidade à tona, o que reforça o sentimento de que às vezes a gente simplesmente não dá conta…a bateria fica fraca e precisa ser recarregada, mesmo que o mundo (e o trabalho) não acompanhem a mesma pausa.

Durante as férias, tentei colocar em dia minha lista de filmes selecionados no streaming, claro que não consegui, aliás parece que a verdadeira graça do streaming é ficar navegando, selecionando dezenas de filmes e não assistir nada! Mas nas férias finalmente assisti alguma coisa e me surgiu uma reflexão inspirada no filme “Raya e o Último Dragão”, disponível no Disney +.

 Ambientada em uma terra mágica, humanos e dragões viviam em harmonia até que uma força maligna ameaçou a terra e os dragões se sacrificaram para salvar a humanidade com sua magia. Após a extinção dos dragões, a humanidade se separou em diversos povos com características e interesses diferentes. 500 anos depois desse sacrifício/separação, essa força maligna que se fortaleceu ao longo de séculos de desavenças e disputas entre estes povos retorna e Raya se vê encarregada de salvar o mundo e, para tanto, busca resgatar a magia do último dragão, Sisu.

 O filme traz diversas reflexões legais, a começar pelo empoderamento feminino das personagens principais, guerreiras e com estilos bem próprios, o que subverte (e muito) o conceito de fragilidade das tradicionais princesas indefesas de outras histórias, além, é claro, do fato da personagem ser descendente do Sudeste Asiático, outro avanço bacana nas animações. Porém, o que mais me fez pensar no filme foi a exploração das virtudes e fragilidades da confiança.

 O enredo do filme se fundamenta, inicialmente, no individualismo, cada povo defende os seus próprios interesses, desconfiam uns dos outros e, pior, creditam toda a prosperidade de um dos povos a um suposto amuleto, que é o pouco restante de magia de dragão que sobrou no mundo após o sacrifício. Como se não houvesse méritos, apenas privilégios usurpados pelo povo que permaneceu guardião da magia, o ciúme e a inveja são cultivados pelos demais povos e aquela velha história, de culpar os próprios fracassos em fatos externos, ou seja, se tivessem a mesma magia para si, aquele determinado povo triunfaria, num verdadeiro paradigma genialmente retratado na história do Mágico de Oz, meu clássico preferido.

 As situações de confiança do filme são muito ricas, pois demonstram, também, os males de uma conduta e comportamento “inocente” baseado inteiramente em confiança cega, alguns personagens fracassam ao confiar, o que não deixa de ser uma lição.

É verdade que a própria Raya é motivada por um ressentimento, sempre contrariando o pai que encorajava a união e a confiança, se vê numa situação em que, finalmente, confiou e se deu muito mal e agora está disposta a não confiar novamente, baseando sua jornada exclusivamente em redenção do erro que considera ter cometido e, assim, salvar o próprio pai e, por que não dizer, dar a ele uma certa lição demonstrando que estava certa o tempo todo em não confiar. O restante da história fica pra vocês assistirem no filme e refletir, como recomendação.

Veja que no mundo corporativo enfrentamos com frequência a mesma situação do filme, situações em que nos fechamos, não confiamos, desconfiamos de tudo e de todos, creditamos o mérito dos outros a privilégios alheios e, quando a farinha é pouca, nosso pirão primeiro, sempre!  

Como na música/poesia de Chico César, pedimos que “Deus nos proteja da maldade de gente boa e da bondade da pessoa ruim”, colocamos nossos interesses, preconceitos e julgamentos primeiro e, se você parar e pensar bem, o que ganhamos com isso?

Tive a sorte e o privilégio de ter uma colega em quem resolvi confiar plenamente para fazer a “cobertura” do tempo em que ficasse “desconectado” em férias, apesar de frustrações anteriores com confiança que eu tenho (e quem não tem?), ou talvez até mesmo motivado por meu individualismo de confiar por necessidade (precisava de férias!), aquela confiança que é mais um pedido de socorro…mas a verdade é que foi uma decisão deliberada, poderia ser ruim, mas também poderia ser muito bom, como as situações retratadas no filme.

E, garanto, foi, de fato, muito bom confiar, dividir as dificuldades, ter uma visão externa sobre a minha gestão, com críticas e elogios, alguém para compartilhar o peso e isso que me permitiu, verdadeiramente, tirar férias! Já andava refletindo sobre isso quando assisti ao filme e me identifiquei muito com o conceito, a confiança é esse último dragão no mundo corporativo, só ela é capaz de aliviar essa carga do home office forçado, stress, cobranças (de si próprio, inclusive) em demasia, bad vibes do mundo lá fora.

Se não confiamos em ninguém, tudo fica mais pesado, a individualidade nos adoece, envelhece, precisamos confiar mesmo em um mundo dividido, como no filme, o pai da Raya traz essa lição da maneira mais sábia possível, pois a confiança dele é gera uma nova leva/geração de pessoas que entendem que confiar é a chave da salvação contra a força maligna que se fortalece, justamente, na individualidade excessiva.

Confiar é delegar, dar autonomia, tempo, compreensão, paciência, dividir um problema, aceitar críticas (e elogios, no meu caso é o mais difícil…) e, ainda, expor que precisa de ajuda! Confiança é um comportamento viral e gera uma verdadeira cadeia e corrente de comportamentos assim, é como a magia. Se você acha que não precisa da ajuda ou confiar em ninguém no seu trabalho, existem duas possibilidades: ou você não se deu conta do que está passando ou é orgulhoso demais e seu ego manda mais nas suas atitudes que seu racional.

Raya e Sisu me ajudaram a refletir sobre esse ponto, de confiar e dividir cada vez mais, pedir ajuda, aceitar que nem sempre isso vai dar certo, mas quando der, valerá muito a pena e você pode inspirar pessoas dessa forma! Com isso, quero manter pra mim na música/poesia/”oração” do Chico César somente a parte que pede pra que “Deus me ilumine, guarde, governe e zele, assim”, sem se ocupar me protegendo da intenção das pessoas ou da minha própria limitação em acreditar e encontrar esse último dragão do mundo corporativo, a Confiança.

Fonte: LinkedIn

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