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O engenheiro de automação Diego Mariano de Oliveira, de 30 anos, sempre sentiu prazer em participar de projetos sociais. Quando adolescente, deu aulas gratuitas de kung fu em comunidades carentes de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Na semana passada, contudo, ele foi além: decidiu utilizar seu conhecimento tecnológico para ajudar o estado vizinho no resgate das vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais.
Sócio da BirminD, startup sorocabana de automação industrial, o engenheiro viu nas redes sociais o pedido da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), do Ministério da Economia, para startups de inteligência artificial ajudarem no resgaste das vítimas da tragédia. Desde sábado (26/01), 140 empresas se colocaram à disposição da agência.
BirminD foi uma delas. Junto com sete colegas, Oliveira desenvolveu um sistema que cruza o último sinal do celular das vítimas antes do acidente à rota de dispersão dos rejeitos da mineradora. Dessa forma, seria possível estimar a localização das vítimas.
“Assim que lançamos a primeira versão do sistema, mais de 80 desenvolvedores de todo o Brasil decidiram contribuir com o código”, diz o engenheiro, que trabalha inclusive de madrugada para realizar atualizações do projeto diariamente.
Segundo a ABDI, mais de 140 empresas — como a de Oliveira — prontificaram-se para participar do trabalho voluntário, principalmente as startups de geolocalização, mapeamento de solo e drones. “Apoiamos a ajuda de Israel, mas entendemos que o país tem tecnologia disponível para ajudar a região de Brumadinho. Faltam apenas abertura e incentivo para o trabalho dos jovens aparecer”, afirma Guto Ferreira, presidente da agência.
Apenas em Minas Gerais existem 18 startups de mineração. “É muita tecnologia parada. Essas empresas poderiam ter trabalhado preventivamente para evitar o rompimento da barragem”, diz.
A tecnologia da Nong, startup de agricultura de precisão de Brasília, por exemplo, permite calcular o limite, em volume, que uma barragem aguenta — evitando que ela se rompa. Com câmeras de alta resolução, seus drones são capazes de fazer uma imagem digital da área afetada pelos rejeitos de minério, afirma Gabriel Postiglioni, 23, diretor de engenharia da empresa.
“A partir das fotos, geramos mapas e podemos calcular a inclinação do terreno e entender todo o relevo. Em uma operação de resgate, essas informações são fundamentais para a equipe entrar e andar no local do acidente”, diz o engenheiro florestal, formado pela UnB (Universidade de Brasília).
Além de mapear a estrutura do local, os drones também podem ajudar no resgaste de vítimas. “Voando a 200 metros, as câmeras conseguem observar, com boa resolução espacial, objetos a partir de cinco centímetros de tamanho”, diz Postiglioni.
De acordo com Ferreira, a ABDI ainda está recebendo contato de startups voluntárias e selecionando as que podem ajudar as vítimas de Brumadinho em parceria com a Vale. “Estamos apelando ao espírito solidário do nosso ecossistema de empreendedorismo e inovação para um verdadeiro mutirão cívico de ajuda à cidade mineira.”
Questionada sobre o assunto, a Vale não se pronunciou até o fechamento desta reportagem.
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