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Com mais de 10 mil criptoativos existentes no mercado, é difícil acreditar que todos podem ter a mesma força do Bitcoin e do Ethereum. Como é relativamente simples criar uma criptomoeda, já que basta copiar o código de uma já existente para criar a sua própria, é natural que existam projetos voltados para tentativas de golpes, também conhecidos como ‘rug pull‘, ou ‘puxada de tapete’ na tradução para o português.
De acordo com estimativas da Ciphertrace, companhia especializada em análise forense de blockchain, nos quatros primeiros meses de 2021, este tipo de golpe gerou um prejuízo de US$ 83,4 milhões e correspondeu a cerca de 47,4% das principais fraudes e apropriação indébita.
Vinicius Chagas, analista educacional da Blockchain Academy, explica que esse tipo de golpe geralmente ocorre em ambientes de negociação que permitem a listagem de tokens a um baixo custo e sem nenhum processo de auditoria e verificação da idoneidade dos tokens listados.
O que são ‘rug pulls’
As ‘puxadas de tapete’ funcionam como uma manobra maliciosa na indústria das criptomoedas, na qual os desenvolvedores de determinado projeto fogem com os fundos dos investidores, o que leva a uma queda vertiginosa no preço da criptomoeda em questão.
A prática é mais comum nas corretoras de criptoativos descentralizadas, como por exemplo, a Uniswap, já que nessas plataformas específicas, qualquer um pode adicionar e listar sua criptomoeda. É o contrário das exchanges centralizadas, que fazem um processo de curadoria antes de incluir ativos.
Uma das características principais de uma possível ‘puxada de tapete’ é o preço de determinada criptomoeda disparando em pouquíssimo tempo. Neste tipo de golpe é normal um criptoativo subir de 0 a 50 vezes em 24 horas. Isso ocorre para fazer com que o investidor sinta que está perdendo uma grande oportunidade ao não investir no token, algo conhecido como FOMO (Fear of Missing Out, em inglês), ou medo de ficar de fora.
Segundo Felipether, co-fundador da Paradigma Education, a primeira plataforma brasileira de inteligência e dados 100% focada no mercado cripto, existem dois tipos básicos de ‘rug pull’. Um envolve um token que perde valor abruptamente e o outro envolve contratos ou programas, nos que a pessoa investe dinheiro acreditando serem seguros, mas que se revelam maliciosos.
“’Rug pulls’ são variáveis, mas muitos têm anatomia parecida. É comum que se reutilize contratos de aplicações populares na criação de novos serviços de finanças descentralizadas (DeFi). Você pode usar um comparador conhecido como diff checker para por lado a lado um “remix” e seu “original” (ex: Uniswap e uma cópia barata da Uniswap), evidenciando qualquer modificação”, diz Felipether.
A maior parte dessas ‘puxadas de tapete’ acontecem nas exchanges descentralizadas. Então, seguindo essa lógica, bastaria evitá-las para se proteger. Infelizmente, a resposta não é tão simples assim, pois conforme mencionado anteriormente, as corretoras centralizadas tendem a listar criptoativos mais consolidados. Mas isso não quer dizer que não existam projetos em estágios iniciais com bons fundamentos nas plataformas.
De acordo com Chagas, o ideal é pesquisar bastante sobre os fundadores de um token e, antes de comprá-lo, verificar também o propósito do projeto. Além disso, também é importante entender o que o token representa e qual o tamanho de mercado dele, número de investidores e sua liquidez.
“Outra dica é desconfiar de projetos com marketing muito agressivo, que prometem ganhos muito altos e que impelem o investidor a comprar logo”, diz Chagas.
Para aqueles que desejam negociar nas exchanges descentralizadas, Felipether explica que um jeito fácil de identificar os rug pull é quando uma porcentagem grande demais da oferta do token está sob controle de uma única pessoa ou entidade. Segundo ele, isso é simples de verificar em um explorador de blocos, que são plataformas para se acompanhar as transações realizadas nas redes de criptomoedas como, por exemplo, Etherscan, para a Ethereum e BScan, para a BinanceChain. “Por isso, evite tokens em que mais de 15% deles estejam nas mesmas mãos”, conclui.
Texto original de LUIZ FELIPE SIMÕES, publicado pelo Estadão.
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