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Microsoft inicia etapa de investimentos de seu fundo para startups com sócias mulheres

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“Aí você foi longe demais”. Foi assim que um conhecido do vice-presidente da Microsoft Participações, Franklin Luzes, reagiu à ideia do executivo de lançar um fundo de investimento em startups que exigisse que ao menos uma sócia fosse mulher. E para se certificar que a presença feminina na empresa não seja mera figuração, o fundo pede ainda que esta mulher tenha ao menos 20% de participação na empresa e que ela esteja ao menos em cargo de diretoria.

A indignação do conhecido foi com o tamanho do desafio que ele achava que Franklin estava se metendo: atrair startups com mulheres no comando em um mercado que, em teoria, a presença feminina é gritantemente baixa.

De fato, dados da Associação Brasileira de Startups (ABStartups) mostram que apenas 16% das mais de 12 mil startups mapeadas no Brasil são lideradas por mulheres. E ainda tem aquelas que as sócias estão no contrato, mas não são ouvidas ou não tem voz e cargos relevantes dentro da empresa.

Mas a Microsoft entendeu que, a despeito da altura do obstáculo, era importante promover mudanças por meio de estímulo financeiro e mentorias para mais mulheres se destacarem. Foi então que algo surpreendente aconteceu. Lançado em novembro de 2019, o fundo FIP Capital Semente Inova WE recebeu nos dois meses de inscrição 927 empresas interessadas.

Isso representa seis vezes mais o número de inscrição do primeiro fundo de participação em startups, o FIP Capital Semente BR Startups, que contou com cerca de 150 inscrições. O WE do nome vem de Women Entrepreneurship, empreendedorismo feminino em inglês.

“Contra fatos não há argumentos. Quem fala que não há mulheres empreendedoras em número suficiente para uma iniciativa dessa nunca se arriscou a fazer um projeto do tipo ou não tem os dados certos. O que acontece é que há muita lenda. O que falta mesmo são incentivos para mais mulheres empreenderem”, diz em entrevista ao Valor Investe o vice-presidente.

Foram justamente os resultados do primeiro fundo que motivaram a criação desse segundo. Quando os R$ 32 milhões terminaram de ser distribuídos em 15 negócios, como as fintechs Olívia e Quero Quitar, e o marketplace de oficinas Car10, no balanço final, Franklin e sua equipe perceberam claramente o que poderia ser melhorado: todos os negócios investidos eram liderados ou tinham todos os sócios homens.

“Nas minhas pesquisas sobre as melhores cidades de base tecnológica para empreender, Chicago (EUA) se destacou, sendo que uma das principais características para isso é o incentivo de startups com mulheres na sociedade. Também se criou uma rede de mentoras e estímulos para todos os envolvidos serem mulheres – advogadas, as pessoas que negociavam os aportes de investimentos e por aí vai”, conta Luzes.

O executivo também se deu conta de que precisava trazer mulheres para cuidar do fundo. Contratou, então, Marcella Ceva como executiva-chefe de investimentos do We Ventures, que na época ainda cumpria licença maternidade. Advogada de formação, Marcela tem experiência no mercado de fusões e aquisições. A equipe da executiva também tem só mulheres, como a analista Naiane Pontes e a estagiária Isabella Goldman.

Os cheques serão em torno de R$ 1 milhão a R$ 5 milhões, o chamado “vale da morte” das startups no Brasil por ser o momento em que negócios já não são tão pequenos, mas ainda não tem corpo suficiente para atrair dinheiro de fundos de venture capital. São poucas as opções de fundos de investimento para este tamanho de empresa.

Do lançamento em novembro passado para cá, a empresa, assim como todas as demais, precisou se adaptar à pandemia e os processos de seleção que seriam presenciais, passaram para o mundo digital.

Hoje o fundo soma R$ 30 milhões e já tem duas empresas investidas. Uma delas é a Pack ID, fundada por Caroline Dallacorte, que desenvolveu sistemas inteligentes de monitoramento de transporte e pontos fixos, especialmente para produtos perecíveis.

A segunda é uma iniciativa da própria WE Ventures, a WE Impact, que visa ajudar projetos iniciantes liderados por mulheres, financeiramente (os cheques podem variar de R$ 50 mil a R$ 500 mil) e por meio de mentorias e capacitação. É uma iniciativa para fomentar o nascimento de mais iniciativas. Os 18 primeiros projetos serão anunciados em breve.

“Nosso objetivo era apoiar o desenvolvimento também de projetos menores, que estão começando, na fase de MVP [Mínimo Produto Viável]. Oferecemos durante 4 a 6 meses de programa ajuda com ‘growth hacking’, marketing, tecnologia, serviço de ‘cloud’ [armazenamento na nuvem]e ainda a possibilidade de fazer uma nova rodada no fundo principal”, explica o executivo.

Investidores

Para expandir a atuação do FIP Capital Semente Inova WE a Microsoft conta com a ajuda de empresas âncoras, que tenham interesse em se aproximar de negócios inovadores e de fomentar o seu setor. Duas parceiras atualmente são a empresa internacional de hardware e Internet das Coisas Flextronics (ou Flex) e o Grupo Sabin, na área de saúde, além, claro, da própria Microsoft.

Outras parcerias corporativas nas áreas financeira, e-commerce e hardware vão ser anunciadas em breve e mais empresas poderão se inscrever para entrar no programa. A meta é atingir R$ 100 milhões em cinco anos (hoje o patrimônio do fundo soma R$ 30 milhões).

Outra frente de captação é por meio de investidores institucionais e qualificados (que tenham mais de R$ 1 milhão de investimentos) interessados na causa do empreendedorismo feminino. A gestão é feita pela M8 Partners.

“O que queremos é criar um incentivo para outros grupos também se engajarem no tema. Diferentemente do mercado americano e europeu, que fomentar causas, como o do empreendedorismo feminino, é importante, aqui no Brasil ainda não vemos muitas empresas engajadas. Não vejo muita ação concreta, de botar capital e correr risco”, afirma Luzes que é empreendedor de carreira e chegou a vender um negócio bem-sucedido para a Xerox antes de se juntar à Microsoft.

Por fim, o executivo dá três dicas valiosas para as mulheres que estão pensando em empreender:

  1. Pense em resolver problemas reais com uma solução escalável por meio de tecnologia
  2. Tenha na sociedade pessoas com habilidades complementares e pelo menos uma pessoa boa em marketing/comercial e outra em tecnologia.
  3. Não dê mais do que 20% de participação para investidores-anjo. Esse é o percentual médio que startups do mundo inteiro dão em troca de dinheiro nos estágios iniciais. Se der mais do que isso, na segunda rodada (pré-series A ou seed) é provável que o investidor já perca a maioria das ações e dali em diante desanime. Muitos fundos nem investem em empresas que tenham oferecido uma fatia maior do que 20% aos anjos.
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