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Metaverso: Um mundo de oportunidades para novos negócios

Reportagem da Revista Facomércio entrevista Daniel Marques, diretor executivo da AB2L, e outros profissionais para entender melhor o potencial e os desafios do Metaverso
Publicado em
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Imagem: Pixabay

Texto original de Frederico Braga, publicado pela Revista Fecomércio

(texto editado, leia a versão completa na edição nº 48, de Fevereiro de 2022)

As revoluções tecnológicas fazem parte da história da humanidade. Novas técnicas são desenvolvidas para superar desafios, otimizar processos, facilitar a vida em sociedade e aprimorar as relações sociais.
Em um mundo no qual a superexposição, por meio das plataformas digitais, propicia fama, bem-estar e likes, surge uma nova tecnologia que vai exponenciar e aprofundar os relacionamentos sociais, o Metaverso.

Para falar sobre o tema, ouvimos três especialistas que abordaram o Metaverso, os desafios para a sua implementação, as oportunidades para o setor comercial, a formação da mão de obra e os impactos no mundo dos negócios. Conversamos com o professor Alysson Lisboa Neves, jornalista e especialista em Produção em Mídias Digitais pelo IEC PUC Minas e Mestre em Comunicação Digital Interativa pela Universitat de Vic, Barcelona – Espanha. Lisboa é editor do blog Vida Digital do Portal UAI/Estado de Minas, coordenador no IEC PUC Minas e atua como consultor nas áreas ligadas ao jornalismo digital,
novas mídias, mídias sociais, marketing digital e transformação digital.
Ouvimos também o empresário do setor de tecnologia Fabio de Souza Costa, responsável pela elaboração da primeira plataforma brasileira destinada à criação de ambientes corporativos personalizados para o Metaverso. Costa é CEO da Agência Casa Mais, empresa pela qual criou e popularizou soluções tecnológicas que vão desde a melhor utilização de fotos e vídeos em 360 graus até a criação de ambientes virtuais interativos. O terceiro entrevistado é o presidente da AB2L, Daniel Marques, advogado especialista em Inovação Jurídica e Gestão Jurídica 4.0, mestre em Filosofia da Ciência e Ética pela UPRA – ROMA, com MBA em Gestão Empresarial pela FGV-RJ. Marques é doutorando em Direito pela UERJ com foco em Regulação de Novas Tecnologias, Inteligência Artificial, Metaverso e Ética.

O professor Alysson Lisboa afirma que o conceito de Metaverso é ainda muito difuso. “Toda novidade gera, a princípio, uma certa desconfiança. Há mais especulação que realmente informação de como será o Metaverso e quando isso se tornará acessível. Eu explico o Metaverso como sendo um grande espaço virtual no qual todas as tecnologias que hoje utilizamos – de modo espalhado – se unem em um só ambiente. Jogos imersivos, videoconferência, chats, entretenimento, compras virtuais, exposições, museus virtuais e transações bancárias. Tudo passa a integrar o mesmo espaço”, explica.
Para o advogado Daniel Marques, o Metaverso é uma nova camada da realidade, onde há cada vez mais uma fusão entre o mundo físico e virtual. “É a possibilidade de navegar no mundo digital de modo completamente imersivo. Hoje em dia, interagimos através do virtual (reuniões no Zoom, uso de celulares para o uso das redes sociais), com o Metaverso tudo acontecerá dentro do mundo virtual, e não apenas isso, cada vez mais, o mundo virtual irá interagir com o mundo físico. O Metaverso é o ápice da 4ª Revolução Industrial com o surgimento de uma sociedade híbrida, onde a distinção entre virtual e físico será cada vez menor. Engana-se quem acha que o mundo virtual não é real. Nele acontece relações de troca, criação de produtos e serviços, casamentos, registro de bens e imóveis.
Hoje navegamos pela internet, no Metaverso navegaremos dentro da internet”, afirma. Ao responder o que é o Metaverso, o empresário Fábio Costa apresenta o ambiente como um espaço para a realização de ações reais em um mundo virtual. “Você explica para a pessoa que ela pode estar em um ambiente virtual e fazer as mesmas coisas que faz no mundo real. Essa é a primeira fase. Depois, que ela pode interagir utilizando movimentos da cabeça e do corpo e, muitas vezes, utilizando controles físicos, o que assemelha a experiência aos jogos. Nesses primeiros pontos, destaco as similaridades do mundo real com o Metaverso, assim consigo “levar” a pessoa até lá”, expõe.


Participação das startups brasileiras na construção do Metaverso Fábio Costa explica como as startups brasileiras estão engajadas na estruturação desse universo digital. “Hoje, temos soluções que foram criadas por startups que fazem parte do nosso dia a dia, assim como temos coisas que não vingaram. Isso não é, de nenhuma forma, algo negativo. Muito pelo contrário. O Metaverso é algo novo, muito abstrato e essa experimentação é fundamental. E o que tenho visto é justamente isso: muita experimentação, muita empolgação para fazer algo novo e, é claro, de virar referência e ser reconhecido. Tenho acompanhado notícias de empresas que focam na entrada de pequenos nichos no Metaverso e isso é muito importante, não só pela inclusão. Startups trabalham muito com mutação de ideias, mas para que essa mutação exista, é preciso que algo possa ser mudado”, esclarece.

Principais desafios para a implementação do Metaverso
No que tange aos desafios para a implementação desse universo, que tem empolgado e atraído a atenção de pessoas e empresários em todo o mundo, Daniel Marques expõe os principais pontos de atenção. “Não existe um único Metaverso, ele é antes de tudo um conceito sobre como será a interação humana com o mundo virtual. Deste modo, surgem várias empresas querendo aplicar esse conceito: Descentraland, Roblox, MESH, Meta, Fortunite. Assim, um primeiro desafio será a interoperabilidade dos dados. Poderei transitar entre um Metaverso de uma empresa a outro com os meus dados? Outros desafios não são tão diferentes do que já enfrentamos com o crescente uso da internet e redes sociais: possibilidade de fraudes, uso indiscriminado e exagerado da solução, a privacidade dos dados. Em última instância, teremos mais efeitos positivos para a sociedade do que negativos. Quando surgem novas tecnologias, sempre há novos desafios. No entanto, temos uma tendência de amplificar os perigos e diminuir o que há de bom. Muito se deve, aos filmes e séries de TV que geram esse tecnopânico”, explica.

Universalização do acesso ao Metaverso
Em um país com dificuldades na inclusão digital, os meios para a universalização do Metaverso merecem atenção. Fábio Costa explica como o Metaverso será acessível a um maior número de pessoas. “A tecnologia trabalha, a princípio, para criar possibilidades. Depois, trabalha para baratear o acesso. É claro que em um mundo capitalista sempre temos o valor agregado e o valor de mercado. Mas se eliminarmos isso, temos possibilidades. Os computadores são um exemplo. Por mais que existam modelos caros, a evolução dos equipamentos mostra que a tecnologia trabalhou para que as pessoas pudessem ter computadores em casa, e foram criados produtos mais baratos para isso. Acesso à internet? A mesma coisa. Acredito que no futuro, com a provável ascensão do Metaverso, o acesso será facilitado, tanto em disponibilidade quanto em preço. Acho que a exclusão pode acontecer somente com grupos socialmente marginalizados. Claro, estou projetando um cenário de muitos anos, provavelmente mais longe do que eu mesmo vou conseguir chegar”, avalia.


Comércio e o Metaverso
Em relação aos impactos do Metaverso na atividade comercial, o professor Alysson Lisboa destaca as inúmeras oportunidades que esse espaço oferece aos empresários. “Esqueça o que você conhece sobre merchandising. Aquelas propagandas estáticas de exposição das marcas que aparecem nos jogos, filmes e nas prateleiras dos supermercados. Estaremos vestindo, consumindo as marcas e não apenas sendo expostos a elas. No Metaverso, os mundos virtuais compartilhados combinam perfeitamente a mecânica dos jogos, eventos interativos massivos e ao vivo, além da venda de bens digitais negociados a partir do blockchain. Esse comércio virtual apresenta o novo campo de batalha para conquistar a atenção do consumidor. Isso explica a rápida adoção das grandes empresas que já fazem negócios no Metaverso como Adidas, Nike, Gucci, O Boticário entre outras. As lojas serão espaços de interação e de convívio e você poderá comprar produtos para consumo próprio – no mundo real, ou para o seu avatar. O interesse das empresas está não apenas no pioneirismo, mas também no ganho rápido de aprendizagem propiciado por essa nova dinâmica digital”, explica.


Também indagado sobre a importância desse ambiente virtual para o Comércio, o advogado Daniel
Marques acrescenta que a empresa de consultoria Grayscale estima que até 2024 o Metaverso gerará uma receita de US$ 1 tri por ano. “Já estamos observando uma economia pujante no Metaverso através da venda de ativos intelectuais e obras de artes em NFTs e pela compra e venda de terrenos do Metaverso. Na Descentraland, um lote custa proximadamente US$ 1 mil, mas o valor varia muito a depender da localização. A Gucci, Nike, NBA e outras empresas já estão vendendo seus produtos no Metaverso. Algumas delas conectam o bem digital a um bem físico, então ao comprar um tênis para seu avatar no Metaverso, você recebe um tênis físico em sua casa e vice-versa. Justin Bieber fez um show no Metaverso e vendeu seus ingressos através dos NFTs. Museus estão fazendo exposição de obras de arte no Metaverso. Toda uma sociedade e economia está sendo criada no Metaverso”, analisa.

Impactos do Metaverso no mundo dos negócios
Indagado sobre as mudanças que esse ambiente virtual provocará no mundo dos negócios, o professor
Alysson Lisboa ressalta que os impactos neste primeiro momento ainda serão tímidos, mas destaca que os early adopters (aqueles que aderem rapidamente às novas tecnologias) já estão participando disso. “Ainda há muita desconfiança das marcas sobre questões ligadas à segurança e pagamentos virtuais. Na minha opinião, as marcas primeiramente vão ocupar esses espaços, atrair consumidores e posteriormente buscar um modo de monetizar”, disse. O empresário Fábio Costa acredita que o Metaverso promoverá transformações nas formas de interagir dentro das instituições. “Se você se refere ao mundo dos negócios como ambiente corporativo, vou te responder sobre o aumento do senso de presença, para que as pessoas se reúnam remotamente de forma mais real. Ou o uso de hologramas dentro do Metaverso, a agilidade para deslocamento virtual, bem como a pluralidade de tarefas e de hierarquias, com níveis de acesso, etc. Mas se falarmos de um cenário macro, sobre negócios ligados a produtos e serviços, o universo é muito amplo”, explica.

Marketplace e as lojas no Metaverso
As empresas do Comércio estão em processo de adaptação às plataformas digitais de vendas chamadas marketplaces, nesse cenário, o Metaverso vem oferecer mais um ambiente virtual para a promoção de novos negócios. O professor Alysson Lisboa explica a diferença entre esses dois espaços. “O Marketplace é uma modalidade de e-commerce no qual o empresário gerencia várias lojas como ocorre em um shopping. No Metaverso, não há centralidade no processo, ou seja, qualquer um pode abrir uma loja virtual e vender produtos. O marketplace no Metaverso perde o sentido porque a centralização gera custo ao lojista. E ele não vai querer pagar taxas para comercializar seus produtos. Ainda é cedo para dizer como serão as lojas virtuais no Metaverso. Mas será mais um canal Omnichannel. Mais um ponto de contato entre a loja e o consumidor”, destaca.

Formação de profissionais para o Metaverso
Preparar profissionais para ingressarem no Metaverso já é um desafio para os principais centros de formação da mão de obra. O advogado Daniel Marques analisa o cenário dessa capacitação profissional. “O maior desafio no Brasil e no mundo está relacionado a programadores. Temos um déficit no Brasil, além disso, temos que competir com empresas internacionais que pagam em dólar. Novas habilidades estão sendo exigidas aos mesmos programadores para ajudar a construir a próxima internet, a Web3 (uma internet descentralizada baseada em Blockchain). Penso que será uma transição paulatina e natural. As pessoas que forem se interessando irão aos poucos explorando esse novo ambiente. Por outro lado, para liderarmos esse movimento temos os desafios naturais a toda a transformação tecnológica: recursos financeiros e mão de obra especializada. Por exemplo, para que a imersão seja mais próxima da experiência do mundo físico, há uma corrida em todo mundo para criar óculos, lentes, roupas, luvas que melhorem a interação da pessoa dentro do mundo virtual.

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