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Texto original de Maria Luíza Filgueiras, publicado por Pipeline
Legaltech americana soma mais de 25 milhões de usuários e fez rodada de US$ 223 milhões em abril
O advogado americano Charley Moore atendia empresas de tecnologia apoiadas por grandes fundos de investimento, gestoras e empresários no Vale do Silício, quando viu um filão para também empreender. Ele fundou a Rocket Lawyer em 2008, com a proposta de democratizar serviços jurídicos que custavam uma nota na Califórnia. Treze anos e 25 milhões de usuários depois, a legaltech está montando sua operação no Brasil, seu primeiro mercado latino-americano – além, de Estados Unidos, a Rocket Lawyer já tem operação em alguns países europeus.
Não que Moore nunca tenha olhado para o mercado brasileiro – mas fechou os olhos rapidamente depois que passou uma temporada por aqui e entendeu a complexidade cartorária, os custos altos e então o baixo uso de tecnologia nesse mercado e entre os brasileiros de forma geral. “Ele veio ao Brasil em 2016 e a conclusão, depois de testar serviços e ir a cartórios, foi ‘no go’. Era tudo muito análogico ainda”, diz Rafael Steinhauser, sócio e presidente da operação local e amigo de longa data de Moore – e ele mesmo um estrangeiro que teve lá seus desafios para decifrar as peculiaridades de Brasil há algumas décadas.
Steinhauser considera que, desde aquela visita, houve uma mudança considerável de cenário. A tecnologia implementada avançou muito, desde o intensivo uso de smartphones no Brasil a ferramentas alavancadas pela pandemia, como assinatura eletrônica de documentos. “A pandemia também ajudou muito no avanço regulatório, que se acelerou”, complementa Michel Cury, CEO da Rocket Lawyer Latin America.
“Isso também trouxe uma mudança cultural, hoje o brasileiro confia no banco digital para fazer transações, por exemplo”, diz Steinhauser. “Não dá mais para fazer transações comerciais no dia a dia no fio do bigode, o que não serve se tiver um litígio. Se você contratou um serviço que não foi prestado, é melhor ter isso em contrato assinado do que usando mensagens de WhatsApp para provar seu argumento”, emenda ele, sobre o que se tornou um hábito local nas relações comerciais.
Cury e Steinhauser são sócios minoritários e Moore controlador da sociedade latino-americana, que deve se replicar para outros mercados depois de ganhar tração no Brasil. O lançamento local vem depois de uma rodada de captação de US$ 223 milhões em abril deste ano, com boa parte dos recursos carimbada para a expansão geográfica.
Por aqui, os sócios apontam que são 130 milhões de brasileiros sem qualquer registro contratual, seja de seu casamento, seja de vínculo de trabalho, e mais de 4 milhões de pequenas e médias empresas com poucas ferramentas (e verba) para documentar sua vida jurídica. A Rocket Lawyer espera atrair esse cliente PJ e dois grupos de pessoas físicas – aqueles que nunca fizeram um contrato e outro grupo que já faz com certa frequência mas de forma mais onerosa, como proprietários de imóveis para locação.
No exterior, a plataforma tem mais de 1,1 mil modelos de contratos. No soft launch no Brasil, a Rocket Lawyer terá 10 modelos de contrato gratuitos, como locação, compra e venda de automóvel e união estável, passando a 120 contratos na fase de implementação total e lançamento comercial, quando cobrará assinatura mensal de R$ 79,80.
“Nos Estados Unidos, o seguro jurídico, com esse tipo de solução, tem se tornado cada vez mais comum entre os benefícios de uma companhia aos funcionários. Mas é uma etapa distante para a realidade brasileira ainda”, diz Cury. A plataforma faz parceria com uma rede de advogados, que podem ser contratados pelo cliente em caso de litígio sobre o contrato feito, mas sem vínculo econômico com o aplicativo.
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