
A AB2L iniciou suas atividades em 2017 e, desde então, escreve os capítulos de uma história que tem muito para contar sobre o ecossistema de tecnologia jurídica.
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Com certeza o assunto mais comentado do mundo empresarial nas últimas semanas é o ChatGPT. A ferramenta de inteligência artificial surpreende e destoa das demais, pela qualidade do serviço ofertado. A Análise Editorial conversou com experts em inovação, direito e tecnologia para entender como usar esse novo recurso nos negócios jurídicos.
A principal questão em torno do uso do ChatGPT é a possibilidade de que ele redija petições e responda a questionamentos de clientes, desempenhando funções até então exclusivas dos advogados. Contudo, de acordo com Daniel Marques, advogado, filósofo e diretor executivo da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs – AB2L, a Inteligência Artificial não vai substituir o advogado, mas, sim, os profissionais que não souberem como usá-la.
Na visão do diretor, o ChatGPT pode otimizar o tempo de trabalho e permitir que o advogado seja deslocado para outras tarefas. Ele menciona outras possibilidades de uso da ferramenta, como a criação de um fórum de perguntas e respostas direcionado para clientes, otimizando o tempo de reuniões repetitivas, por exemplo.
Outra possibilidade de uso do Chat na advocacia é o cálculo de riscos de processos, analisando as tendências de julgamento dos Tribunais. Segundo o advogado Solano de Camargo, DPO (Data Protection Officer) e presidente da Comissão de Privacidade, Proteção de Dados e Inteligência Artificial da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), a ferramenta pode trazer praticidade e agilidade em análises jurídicas densas.
Para o coordenador do curso de Direito da ESPM, Marcelo Crespo, “o mercado jurídico costuma ser tradicional. O Direito precisa estar aberto para tecnologias e inovações”.
Boa parte da resistência que o mercado jurídico ainda tem se deve a uma questão de cultura do negócio. Marina Feferbaum, coordenadora da área de Metodologia de Ensino e do Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação da FGV Direito SP, enxerga uma transição nesse sentido. A profissionalização da gestão sempre foi mais forte nas empresas. Hoje, cada vez mais escritórios estão se profissionalizando e levando esse entendimento para a questão da tecnologia”, explicou.
Para Feferbaum, a consolidação de novas tecnologias e as mudanças no mercado têm feito com que os escritórios tenham que “repensar seus modelos de negócio”, sobretudo em razão de novas funções que tem despontado na advocacia. Camargo completa: “a inteligência artificial supre uma série de trabalhos e de tarefas que são consideradas repetitivas ou que não que não agregam conhecimento – atividades que não geram valor para o cliente, nem para o advogado e nem para o escritório”.
Marques aponta também um exercício de democratização no ChatGPT. “É uma ferramenta caríssima, agora acessível”. Ele arremata fazendo o seguinte paralelo com a Medicina.
Para quem ainda possa estar em dúvida, Feferbaum traz uma interessante definição sobre a natureza do ChatGPT. “É uma rede neural gerada com um número muito grande de dados, capaz de gerar respostas complexas que parecem humanas”, explicou.
A coordenadora também não enxerga o ChatGPT como uma ameaça ao mercado jurídico.
Essa amplitude é a característica mais marcante do Chat, pois, segundo Feferbaum a ferramenta é “diferente de uma IA específica, capaz de coisas específicas, como jogar xadrez, distinguir rostos de pessoas, conduzir veículos automotivos, o ChatGPT é amplo e pode servir para muitas coisas”.
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