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Em 2015, quando fundou a olist, a ideia de Tiago Dalvi era encurtar o caminho da digitalização das vendas para o pequeno e médio varejo, em especial nos marketplaces. O modelo atraiu 25 mil clientes e sete rodadas de aportes. A última delas, há um mês, de R$ 310 milhões, liderada pelo Softbank.
Capitalizada, a startup quer seguir criando mais atalhos para esses varejistas. Mas, agora, no roteiro de entregas dos produtos nas mãos dos consumidores. Esse é o racional por trás da compra da PAX, startup de logística para o e-commerce, que está sendo anunciada nesta segunda-feira, 21 de dezembro. O valor do negócio não foi revelado.
“Durante a pandemia, houve um salto quântico de logística no Brasil e uma evolução absurda nos prazos de entrega”, diz Dalvi, ao NeoFeed. “Nosso plano é levar essa competitividade a esses lojistas que, historicamente, são deixados de lado.”
No mercado desde o início de 2019, a PAX já trabalha com a olist há cerca de um ano. A startup tem um serviço de crowdshipping disponível em 20 capitais e que é prestado a partir de uma base de 4 mil motoristas autônomos parceiros.
Com o apoio de sistemas de inteligência de coleta e de roteirização da última milha, o modelo da empresa inclui ainda cinco centros de cross-docking, distribuídos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte e Porto Alegre.
“Eles conseguem atender com coleta diária quem vende uma, 100 ou 100 mil produtos por dia”, afirma Dalvi, sobre a PAX, que tem uma carteira de clientes com nomes como Grupo Pão de Açúcar (GPA), Via Varejo, Carrefour, Etna e Printi.
Em 2021, o plano é ampliar a rede da PAX com 30 hubs de cross-docking. A expansão envolverá outras capitais e as cidades nas quais a olist já tem uma boa base de clientes, além dos municípios onde a empresa entende que a oferta de logística possa destravar o potencial de adesão à sua plataforma.
Ecossistema
A integração do ativo incluirá a manutenção do fundador e CEO da PAX, Jorge Azevedo, e de todo o time da novata. A aquisição faz parte de uma estratégia mais ampla, com a criação de uma unidade de logística, batizada de olist PAX.
Ao lado da olist Shops, ferramenta lançada no início do ano para que pequenos varejistas criem seus próprios canais de e-commerce, a nova divisão é mais um braço no entorno do negócio principal da empresa.
A PAX tem clientes como GPA, Via Varejo, Carrefour, Etna e Printi
Batizado de olist Store, o carro-chefe é a conexão do varejo com marketplaces como Mercado Livre, Via Varejo e B2W, na qual a olist cuida de todas as pontas. Da integração aos canais à gestão de produtos, estoque, vendas e logística.
Nesse modelo de “markeplace dentro dos marketplaces”, a olist cobra uma taxa de adesão, além de uma assinatura mensal. O formato tem ainda uma comissão sobre o total transacionado nas plataformas, que varia entre 18% e 20%.
“Nossa grande jogada nos próximos anos é construir um ecossistema”, afirma Dalvi, sobre a estratégia de diversificar a oferta e, por consequência, as fontes de receitas da startup.
Para Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, a estratégia é acertada. “Até aqui, esse papel relevante de inclusão digital do varejo foi suficiente para a olist”, diz. “Mas é preciso agregar mais ofertas a esse pacote.”
A olist PAX abre a possibilidade, por exemplo, de acesso a clientes de maior porte. Algo que já tinha sido um dos nortes da compra da Clickspace, especializada em soluções de marketplaces e de social commerce. A aquisição foi anunciada com o aporte do Softbank, em novembro deste ano.
“Os dois acordos são complementares”, observa Dalvi. “A Clickspace ajuda a criar marketplaces próprios, a PAX entra com a logística e a olist com toda a oferta de produtos e sellers.”
Já com a olist Shops, a startup atende os pequenos varejistas cujo volume de vendas ou categorias de produtos não são viáveis em um marketplace. A plataforma permite que esse cliente estruture, em minutos, uma vitrine virtual para vender seus produtos em canais como redes sociais e WhatsApp.
A ferramenta se beneficiou da demanda por digitalização na pandemia. Hoje, o aplicativo conta com 85 mil downloads, em 166 países, e tem versões em inglês e espanhol. E está em fase de definição de modelo de receitas e de inclusão de outros recursos.
Um deles é o processamento dos pagamentos desses varejistas, o que gerou a estruturação do olist Pay. “Agora, essas unidades começam a se conectar”, afirma Eduardo Ferraz, CFO da olist. “Podemos, por exemplo, colocar o PAX dentro do Shops, ou dentro do Store. Assim como podemos usar o Shops como funil de entrada para o Store, à medida que esse pequeno varejista evolui suas vendas.”
Todas essas iniciativas serão complementadas com aquisições, esforço que irá concentrar boa parte do montante levantado no último aporte. Para isso, a olist está estruturando uma área de M&A, que será liderada por Ferraz.
“Nós estaremos bem ativos no mercado”, diz Ferraz, que projeta dedicar 50% da sua agenda a esses movimentos. “Já estamos conversando com cerca de 40 empresas, de diferentes tamanhos e setores.”
Há, no entanto, algumas prioridades. Além de companhias com ferramentas de social commerce e outros conceitos na órbita do comércio eletrônico, a logística é um dos segmentos-alvo. Especialmente com sistemas que possam tornar mais eficientes esses processos.
Um dos principais focos, porém, são as fintechs. O plano é começar a atuar em áreas como oferta de crédito e, até mesmo, de contas digitais e cartões pré-pagos. “Queremos estar em todo o tripé do e-commerce: vendas, logística e pagamentos”, ressalta Ferraz.
A olist também planeja iniciar sua expansão internacional, a partir da trilha aberta pelo olist Shops. A ideia é começar essa escalada com a oferta da olist Store, primeiro pelo México e, posteriormente, pelos Estados Unidos.
“Vamos aproveitar as parcerias que já temos com alguns marketplaces no Brasil e que também são fortes nesses países”, diz Dalvi, citando parceiros como Mercado Livre e Amazon. “O bacana do nosso modelo é que ele pode ser replicado no mundo inteiro”, completa Ferraz.
Fonte: NeoFeed
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