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No final do século 17 a máquina a vapor revolucionou. Desta vez, serão os robôs dotados de inteligência artificial. Os economistas têm um nome para isso: a quarta revolução industrial, marcada pela convergência de tecnologias digitais, físicas e biológicas. E o que será da advocacia em meio a este turbilhão e transformações?
É fato que o segmento de serviços no Brasil vem sofrendo diversas alterações para se adaptarem às novas exigências do mercado. Exigências essas que implicam no quanto as soluções são convenientes e melhoram a vida de seus clientes. Os bancos investiram (e investem) no homebanking e aplicativos cada vez mais completos. Já temos bancos 100% virtuais e com uma ótima aceitação do público brasileiro até o momento de produção deste artigo. Mas e na advocacia? Quais mudanças significativas estão acontecendo? O que está por vir?
Olhando para a história, é possível compreender, pelo menos parcialmente, o que está por vir.
Fonte da imagem: Portal da Indústria
A revolução industrial 4.0 é um termo cunhado pelos alemães originado de um projeto de estratégias do governo alemão voltadas à tecnologia e usado pela primeira vez na Feira de Hannover em 2011. Refere-se as principais inovações tecnológicas dos campos de automação, controle e tecnologia da informação, aplicadas aos processos de manufatura. Na época, o foco eram as fábricas inteligentes com a capacidade e autonomia para agendar manutenções, prever falhas nos processos e se adaptar aos requisitos e mudanças não planejadas na produção.
“Estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala, alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha experimentado antes”, diz Klaus Schwab, autor do livro A Quarta Revolução Industrial.
Existem seis pontos fundamentais de inflexão que a Revolução industrial apresenta:
Segundo Klaus Schwab, a quarta revolução industrial tem como principais pilares:
De acordo com especialistas, um dos mais significativos impactos causados pela revolução industrial 4.0 será a criação de novos modelos de negócios. Em um mercado cada vez mais exigente, muitas empresas já procuram integrar ao produto necessidades e preferências específicas de cada cliente. A customização prévia do produto por parte dos consumidores tende a ser uma variável a mais no processo de manufatura, mas as fábricas inteligentes serão capazes de levar a personalização de cada cliente em consideração, se adaptando às preferências.
Os trabalhos manuais e repetitivos já vem sendo substituídos por mão de obra automatizada. Por outro lado, as demandas em pesquisa e desenvolvimento oferecerão oportunidades para profissionais tecnicamente capacitados, com formação multidisciplina. No Brasil, o sistema Watson da IBM já opera com sucesso no segmento de saúde e advocacia.
O Watson já consegue ajudar a recomendar, em poucos minutos, tratamentos personalizados para pacientes com câncer, comparando os históricos da doença e dos tratamentos, exames e dados genéticos com um universo (quase) completo de conhecimentos médicos atualizados. Uma das premissas que levou cientistas e médicos a utilizar com sucesso o Watson em universidades e clínicos nos Estados Unidos foi o reconhecimento de que um especialista só é capaz de memorizar no máximo 20% do conhecimento médico utilizado para fazer diagnósticos e tomar decisões de tratamento.
Na área jurídica no Brasil, o sistema vem auxiliando escritórios nas áreas de atendimento e pesquisa. Ele é capaz de detectar nuances nas palavras, ironias e charadas. Suas respostas rápidas e precisas inspiram novos campos de pesquisa e inteligência artificial. Muito diferente daquele diálogo frio dos computadores do passado, com voz metálica, sem entonações e antinatural.
De acordo com os especialistas que participaram do livro “A quarta revolução industrial”, até 2020, as habilidades mais demandadas serão:
As mudanças trazidas pela “Quarta Revolução Industrial” ou “Revolução industrial 4.0”, são inevitáveis e irreversíveis. O surgimento das criptomoedas e Blockchain, já vem impactando inclusive a advocacia no Brasil, ao ponto de alguns advogados já receberem os seus honorários em Bitcoins. Sou testemunha de escritório brasileiro utilizando vídeo relatórios para seus clientes. Escritório utilizando a tecnologia QR Code em petições, onde o magistrado pode acessar um vídeo explicativo complementar. Tudo realidade e acontecendo aqui no Brasil.
Negar a quarta revolução não é uma opção. Entretanto, no universo jurídico, a aplicação de tais mudanças é complexa e requer discussão e alguma regulamentação. Não é razoável que a dinâmica de compra de serviços jurídicos ainda seja tão complexa no Brasil. Os aparelhos eletrônicos quase não vêm mais com manuais, pois o que requer manual denota que o seu uso é complexo. Estamos na era do intuitivo. Do pegar e usar. Contratar um serviço jurídico deve uma tarefa mais fácil. Como o seu escritório pode simplificar a contratação de serviços para os seus clientes?
Não é razoável que ainda existam escritórios que desatendam os seus clientes. Em plena era dos dispositivos instantâneos de mensagem, não conseguir falar com o advogado não é mais admissível. Como estar mais disponível e acessível para os seus clientes? Nos anos 80, era comum que muitos fumassem dentro dos escritórios. Hoje é inconcebível. O que será que hoje é considerado modus operadi que em breve será uma prática a ser evitada? Este é um bom exercício a ser feito.
Não é mais razoável destilar termos jurídicos que o cliente não entende, achando que irá causar boa impressão. Como o cliente poderá valorizar algo que ele não entende? Como o seu escritório pode melhorar a compreensão do cliente?
Sou testemunha de consultorias jurídicas no Brasil que não possuem uma base física, e só atuam em espaços de coworking, com sucesso e elevada aceitação de seus clientes. É fato que a chamada “advocacia de repetição” já está sendo afetada. Tem escritório que é uma verdadeira obra arquitetônica e de decoração. Como a sua estrutura física ajuda ou atrapalha na percepção de valor pelo seu cliente?
É tempo de reinventar-se, aproveitando o movimento da quarta revolução para levar para a sociedade um serviço jurídico de alta qualidade e que estejam alinhados aos seus anseios. É preciso ter muito cuidado, rever os pontos de vista, atualizar as velhas fórmulas, senão, o advogado será um sujeito muito bem preparado para lutar uma guerra que já passou.
Por Robson Vitorino
Fonte: http://www.maxta.com.br/a-quarta-revolucao-industrial-e-seus-impactos-na-advocacia/
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