A AB2L iniciou suas atividades em 2017 e, desde então, escreve os capítulos de uma história que tem muito para contar sobre o ecossistema de tecnologia jurídica.
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A inteligência artificial (IA) tem se mostrado uma ferramenta transformadora em diversos setores, e o campo jurídico não é exceção. A implementação da IA na controladoria jurídica e no combate às fraudes processuais representa um avanço significativo para a eficiência e a integridade dos processos judiciais. Este artigo explora como a tecnologia de IA pode ser utilizada para aprimorar a gestão jurídica e combater práticas fraudulentas.
A controladoria jurídica é responsável pela gestão estratégica e operacional dos departamentos jurídicos, garantindo eficiência e conformidade. A inteligência artificial pode otimizar essa função de várias maneiras:
Automatização de Tarefas Rotineiras: A IA pode automatizar tarefas administrativas, como a análise de contratos, verificação de conformidade e gestão de prazos processuais. Isso libera os profissionais para focarem em atividades mais estratégicas e complexas.
Análise Preditiva: Algoritmos de IA podem analisar grandes volumes de dados para prever desfechos de litígios com base em precedentes e padrões históricos. Essa capacidade preditiva permite uma melhor gestão de riscos e planejamento estratégico.
Gestão de Documentos: Sistemas de IA podem organizar e recuperar documentos de forma eficiente, reduzindo o tempo gasto na busca de informações relevantes e garantindo a integridade dos arquivos.
Monitoramento de Desempenho: Ferramentas de IA podem monitorar o desempenho dos advogados e departamentos jurídicos, gerando relatórios detalhados e identificando áreas de melhoria.
A fraude processual é um desafio significativo para o sistema judiciário, comprometendo a justiça e a eficiência dos processos. A IA oferece soluções eficazes para identificar e prevenir fraudes processuais:
Detecção de Padrões Irregulares: Algoritmos de machine learning podem identificar padrões irregulares em processos judiciais que possam indicar fraude, como a submissão de documentos falsificados ou inconsistências em depoimentos.
Análise de Comportamento: A IA pode analisar o comportamento dos envolvidos no processo, incluindo advogados e partes litigantes, detectando sinais de manipulação ou conluio.
Verificação de Autenticidade de Documentos: Ferramentas de IA podem verificar a autenticidade de documentos apresentados, utilizando técnicas de reconhecimento de imagem e análise de dados para identificar falsificações.
Cross-Referencing: A IA pode cruzar informações de diferentes processos e bases de dados para identificar conexões suspeitas e possíveis esquemas de fraude.
Apesar dos benefícios, a implementação da IA na área jurídica enfrenta desafios significativos. A transparência dos algoritmos, a proteção de dados e a supervisão humana são questões cruciais. É essencial que os sistemas de IA sejam desenvolvidos e utilizados de maneira ética, garantindo que não haja viés nos algoritmos e que os direitos dos indivíduos sejam respeitados.
Além disso, a dependência excessiva da tecnologia pode levar à desvalorização do julgamento humano. Portanto, a IA deve ser vista como uma ferramenta complementar, e não substituta, dos profissionais jurídicos.
A temática inclusive foi abordada no I Foro Internacional Antifraude, organizado pelo Ties Group, onde foi debatida uma série de tópicos importantes sobre o uso da inteligência artificial no combate às fraudes. O evento incluiu discussões sobre estratégias nacionais antifraude, a integração entre combate à fraude e prevenção à lavagem de dinheiro, e as melhores práticas internacionais (I FORO INTERNACIONAL ANTIFRAUDE) (Ties Group).
Os participantes se dividiram em várias salas temáticas para discutir o impacto das fraudes em setores como ativos virtuais, crime organizado, deepfake, inteligência artificial, combustíveis, adulteração de alimentos, certificações agropecuárias, esportes, sistemas financeiros, comércio eletrônico, marcas e segurança cibernética (I FORO INTERNACIONAL ANTIFRAUDE) (Ties Group).
Em contrapartida, ela também tem facilitado o trabalho de alguns profissionais jurídicos, uma vez que ela detecta padrões semelhantes e demandas repetidas, reduzindo o volume das ações, tal fato foi abordado pela Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro1
A inteligência artificial tem o potencial de revolucionar a controladoria jurídica e o combate às fraudes processuais, proporcionando maior eficiência, precisão e integridade aos processos judiciais. No entanto, sua implementação deve ser cuidadosamente gerida, com atenção aos desafios éticos e à necessidade de
supervisão humana. Ao equilibrar esses aspectos, a IA pode se tornar uma aliada poderosa na busca por um sistema judiciário mais justo e eficiente.
Carolina Silva Zambão, advogada associada à AB2L, atua nas áreas de Direito Civil e litígios massificados no setor de consumo. Especialista em Lei Geral de Proteção de Dados e controladoria jurídica, é membro das Comissões de Direito Digital e Proteção de Dados e de Direito Internacional da OAB/PR. Também integra a Associação Brasileira dos Advogados (ABA) e a International Association of Artificial Intelligence (I2AI).
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