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Publicação original Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios
Eder Fonseca costumava pesquisar sobre a história de grandes empresas de tecnologia, como Google e Apple, e pensar que empreender era para quem tinha familiares empreendedores. Com o passar dos anos, entendeu que o empreendedorismo não era hereditário, e atualmente está à frente da SuperSign, startup de assinatura digital com foco em pequenas e médias empresas.
A plataforma possibilita a assinatura eletrônica de documentos com validade jurídica. Os usuários podem enviar contratos, propostas, autorizações, procurações e petições por e-mail, WhatsApp ou SMS com solicitação de token para a assinatura. Todos os documentos são armazenados na plataforma.
“Percebi que existia um vácuo para pequenas e médias porque boa parte das plataformas são feitas para as áreas jurídicas e de TI. A SuperSign tem um processo de assinatura mais simplificado”, comenta. A projeção de faturamento para o primeiro ano de operação é de R$ 750 mil.
Natural de Cândido Mota, no interior de São Paulo, Fonseca começou a trabalhar ainda na infância. Aos13 anos, catava latinhas no bairro em que morava para comprar lanches e ajudar os pais. Depois, percebeu que os sorveteiros da cidade tiravam um bom dinheiro e passou a vender gelados de porta em porta.
“Eu acho que sempre tive a veia empreendedora, ninguém pediu para eu trabalhar. Hoje existe muito conteúdo sobre empreendedorismo, mas minha família era humilde, eu não tinha dinheiro para comprar livros sobre o assunto”, relembra. Empurrando o carrinho de sorvete pelas ruas da cidade, ele chamou atenção do dono de um escritório de contabilidade que o contratou como office boy, aos 15 anos.
Foi nesse ambiente que ele começou a usar a internet. Todo o dinheiro que ganhava era investido em revistas sobre tecnologia. Mas, quando chegou a hora de entrar na universidade, Fonseca decidiu estudar Filosofia – nas horas vagas, formatava computadores e desenvolvia sites. Ele deixou o curso antes da conclusão e foi cursar Direito. Perto de se formar, resolveu empreender pela primeira vez.
“Chutei o balde e abri a minha primeira empresa em 2014, usando o cheque especial. Era a época da Rock Content, RD Station, então empreendi com marketing digital”, conta. A agência chegou a atender mais de 100 clientes, mas o sonho de Fonseca era criar um negócio escalável.
Quatro anos depois, com o dinheiro que conquistou, abriu uma software house. No entanto, voltou a esbarrar na questão da escalabilidade. No meio tempo, tornou-se sócio de um amigo na empresa de pimentas La Pimi, que chegou a aparecer no Shark Tank e atrair Caito Maia, da Chilli Beans, para o negócio.
“Abrimos uma fábrica com 600 metros quadrados, e em três meses começou a pandemia. Eu pegava dinheiro de uma empresa e colocava em outra, perdi R$ 2 milhões de caixa e quebrei”, conta.
Durante a crise sanitária, ele conseguiu manter apenas um contrato da software house, com uma indústria de bebidas. Nos bastidores, decidiu investir no sonho de ter uma startup e lançou uma plataforma de intranet corporativa. Foi por meio dela que o Google encontrou o seu perfil e o convidou para participar de um programa, em 2024. “Eu estava com o site desse piloto no ar. Me mandaram e-mail e eu achei que fosse spam, quase mandei para a lixeira”, afirma.
Fonseca participou de uma iniciativa para founders que tinha como objetivo tirar uma ideia do papel usando o servidor Linux e créditos do Google. Por três meses, viajou de Assis (SP) até a capital paulista de ônibus semanalmente, hospedando-se em albergues. No período, usou um pedido do cliente da indústria de bebidas como inspiração e desenvolveu a plataforma da SuperSign.
“Eu errei nas outras empresas, então comecei a estudar mais profundamente o setor. Descobri que o mercado de assinaturas digitais gira em torno de US$ 8 bilhões no mundo e que traz muita rentabilidade para investidores. No Brasil, apenas 5% das empresas usam soluções do tipo. Do ponto de vista de negócios, era o que eu queria: escalável e competitivo no mercado nacional”, declara.
Ele investiu R$ 200 mil para desenvolver a plataforma. No primeiro momento, teve auxílio de engenheiros do Google e dois profissionais contratados. A solução entrou no ar em julho de 2024. Poucos meses depois, a D4Sign, startup brasileira que atua no mesmo segmento, foi adquirida por R$ 180 milhões pela multinacional italiana Zucchetti.
Apesar de o governo brasileiro oferecer o serviço de assinatura digital gratuitamente por meio do portal gov.br, Fonseca afirma que a SuperSign tem outros diferenciais que podem atrair PMEs, como armazenamento de documentos e segurança por criptografia.
Atualmente, a SuperSign tem 10 mil clientes no formato freemium – com assinatura gratuita de cinco documentos por mês – e mais de 100 usuários pagantes. “Queremos democratizar a assinatura digital no Brasil. O plano gratuito sempre existirá para ajudar as empresas a iniciarem suas transformações digitais”, afirma.
Os pacotes mensais variam por volumetria de assinaturas, com preço em real – o que protege o usuário da flutuação cambial. O mais vendido, segundo Fonseca, é o que cobre até 20 documentos por mês ao valor de R$ 27,90. Metade dos clientes atuais são advogados e escritórios de advocacia. Com 1% de churn, a SuperSign registra conversão de 50% dos clientes em assinantes. O crescimento de pagantes gira em torno de 300% por mês.
Para continuar crescendo, a startup está atualmente buscando captar uma rodada seed entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão. “O produto está validado, tem mercado, e precisamos acelerar. Daqui a um tempo, vai virar commodity igual CRM, então precisamos aproveitar esse momento para estruturar um time maior e desenvolver mais recursos”, finaliza.
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