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Inovação na Tomada de Decisão

Como o uso de sistemas de ERP e a análise de dados colaborativa auxiliam na elaboração de soluções inovadoras
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Imagem: Pixabay
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As tomadas de decisão atuais têm se tornado cada vez mais complexas, considerando a quantidade de variáveis que precisam ser avaliadas. O cérebro humano não é capaz de fazer, sozinho, as diversas correlações necessárias a partir de dados esparsos. Por esse motivo, sistemas de ERP (Enterprise Resource Planning) têm sido essenciais para a organização de uma grande quantidade de informações que, correlacionadas, têm a capacidade de construir um histórico operacional e auxiliar na previsão de situações futuras facilitando a tomada de decisão.

O presente trabalho tem o condão de ressaltar a importância da construção de uma base de dados padronizada e restritamente editada para que os sistemas de informação de gestão corporativa possam apresentar resultados acurados.

Além de considerar a qualidade de dados, em momento posterior no fluxo, as informações serão compartilhadas com outros integrantes da organização que, colaborativamente, trabalharão na análise e busca por soluções inovadoras. O estudo mostrará que suas diferentes perspectivas enviesadas por características geracionais permitirão uma análise ampla dos dados apresentados e, consequentemente, auxiliarão em uma tomada de decisão mais robusta.

Por meio de uma revisão bibliográfica, o trabalho descreve as principais etapas para construção de dados confiáveis, passando pela avaliação de perspectivas dos integrantes colaboradores, a fim de concluir que a tomada de decisão poderá ser mais abrangente e inovadora.

2 O fluxo da coleta e análise de dados até a tomada de decisão

Um grande número de empresas do mercado utiliza sistemas de gestão de negócios, ou sistema de ERP (Enterprise Resource Planning) para armazenamento de dados operacionais da instituição. De acordo com trabalho de (Costa, 2022) esse sistema representa o que está acontecendo de fato na organização, podendo facilitar e simplificar o processo decisório.

No entanto, para que esses sistemas possam apresentar efetivamente o que acontece na rotina de operação, a imputação de dados precisa ser feita de forma cautelosa e criteriosa. Um estudo realizado por (Ferreira, 2020) elenca as quatro principais dimensões conceituais que definem um dado de qualidade como sendo: a exatidão, a fiabilidade e temporalidade e a relevância.

O processo que antecede a tomada de decisão, que é composto pela coleta e tratamento de dados, deve respeitar um fluxo, com regras, a ser seguido com variações a depender das peculiaridades e necessidades da instituição, conforme se depreende no estudo de (Bencke, 2022).

Posteriormente, esses dados deverão ser transformados em informações inteligíveis e interpretáveis por diferentes analistas, além de serem comparáveis entre setores. Esse procedimento de construção da base de dados possui uma característica inflexível, considerando que precisa seguir regras explícitas para garantir qualidade substancial.

Algumas diretrizes, no entanto, são obrigatórias quaisquer que sejam os demais requisitos do tratamento de dados na cadeia de suprimentos da tomada de decisão. São elas a padronização prévia de fluxos e informações e o acesso restrito aos editores de dados imputados no sistema.

Pelo fato de a cultura mercadológica atual valorizar as construções colaborativas, como descreve (Gomes et al., 2022) em seu estudo sobre métodos colaborativos na cadeia de suprimentos, a ferramenta se mostra também benéfica para ser aplicada ao processo de tomada de decisão. Comprovada a sua eficácia, a integração das perspectivas de todos os participantes da cadeia confere solidez às soluções criadas.

Com base neste ponto, este trabalho inclui a análise colaborativa dos dados como uma das etapas primordiais no processo de construção das soluções inovadoras que serão apresentadas para a tomada de decisão.

  1. 1 Padronização prévia de fluxos e dados

A padronização de fluxos para a coleta de dados é um ponto primordial para a construção de base de informações em sistemas de ERP. Analisando o estudo de (Zago, 2022) compreende-se que a padronização de fluxos diminui o tempo e o esforço de produção, que no contexto deste estudo, seriam na coleta e tratamento de dados que integrarão o sistema de gestão.

Além de reduzir o esforço em atividades altamente repetitivas, um estudo de (Pereira de Souza & Pereira, 2021) salientou que a padronização de processos beneficia o trabalho de equipe, visto que seus resultados serão analisados por alguns integrantes. Em complemento a este argumento, o trabalho de (Brasileiro & Araújo, 2020) avalia que a padronização de fluxos possibilita melhores pesquisas operacionais que direcionam as tomadas de decisão de forma mais eficiente e prática.

Dessa forma, a padronização de fluxos tem o escopo de equalizar cada parte do processo da coleta e tratamento de informações, criando, consequentemente, dados padronizados. Já esses dados, que respeitam uma determinada forma e apresentação, possibilitam a fácil visualização de discrepância de resultados que, rapidamente retificada, mantém a integridade da operação e da informação.

  1. 2 Acesso restrito de editores

Regras de segurança da informação se tornaram mandatórias em um contexto altamente tecnológico como o atual. Dentre diversas legislações sobre o tema, destaca-se a aplicação de regras da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que tem o objetivo de conferir segurança e conformidade aos dados, prevendo instruções específicas para manejo e descarte desse tipo de material.

Diante da relevância conferida ao tema de segurança de dados, inúmeros são os materiais acadêmicos que incluem a imputação e edição de dados como atividades sensíveis e, por isso, restritas a determinados usuários de um sistema. Qualquer adição ou alteração de dados em um sistema pode, a depender do contexto, ser considerado um ataque e prejudicial à instituição.

O trabalho de (Maia, 2022), diferencia os ataques a dados em: interrupção, interceptação, modificação e fabricação, avaliando especificamente intercorrências advindas de ação de membros já conectados ao sistema que podem resultar na modificação de dados existentes ou fabricação de novos dados.

Este mesmo trabalho apresenta o conceito de Role Based Access Control como uma restrição configurável na maioria dos sistemas de gestão que limita o acesso do usuário a depender da sua função e privilégios, permitindo controle maior sobre a ação dos indivíduos no tratamento de dados.

Portanto, conclui-se que, para a manutenção da confiabilidade das informações apresentadas pelos sistemas de ERP, é necessária a aplicação de restrição de acesso a editores dos dados.

  1. 3 Análise de dados colaborativa

Conforme mencionado na introdução do presente estudo, as atividades colaborativas têm ganhado relevância no meio corporativo, por contribuírem com o aumento na eficiência dos processos e impacto direto nos resultados. De acordo com estudo de (Vásquez, 2021) sobre como promover a eficiência organizacional, conceitua o instituto do trabalho colaborativo como a soma dos esforços individuais que, quando bem gerenciados, resultam em um aumento da performance do time.

No entanto, apenas criar um ambiente de colaboração não se mostra suficiente para alcançar resultados como indica o trabalho de (Paula, 2023), devendo existir o engajamento dos seus participantes. As atividades colaborativas também devem ser conduzidas seletivamente para permitir o refinamento na compreensão daquilo que é produzido e, assim, auxiliar substancialmente no alcance do objetivo maior que é a tomada de decisão.

A colaboração suscitada neste trabalho tem como objetivo conferir ao fluxo de base da tomada de decisão a inclusão de diferentes perspectivas na análise de dados produzidos pelo sistema de ERP e, com isso, ampliar a elaboração de soluções inovadoras que facilitem o objetivo final do procedimento. As diferentes perspectivas de integrantes de um time que participam do processo também possuem uma origem individualizada moldada pela experiência do agente. Neste cenário, destacamos um ponto relevante que permite ao integrante elaborar diferentes estratégias que é a diferença geracional.

Esses fatores antropológicos guardam estreita relação com o desenvolvimento de uma linha de raciocínio que permitirá o integrante a chegar em determinadas soluções. Este fator será melhor abordado no subtópico a seguir.

  1. 3.1 Diferenças geracionais


    Considerando a longevidade de expectativa de vida ativa do ser humano, a tendência é que cada
    vez mais as companhias tenham que lidar com colaboradores de diferentes gerações. A compreensão dessa diversidade pode ser muito benéfica para as atividades colaborativas, visto que as perspectivas dentro da variável geracional são diferentes.

A experiência de integrantes de gerações passadas permite com que uma solução elaborada por estes avalie melhor não apenas os resultados, mas também os potenciais riscos de uma opção. Gerações mais novas, por outro lado, com mais facilidade de acesso à tecnologias, tendem a elaborar soluções mais automatizadas.

De acordo com o estudo de (Migueles et al., 2021) as gerações mais antigas têm menor propensão a confiar e cooperar e precisam de ferramentas diferentes para que a sua integração seja eficiente em atividades colaborativas. De forma inversamente proporcional, se manifestam as gerações mais novas, com maior propensão à colaboração e confiança.

Após uma equalização no engajamento dos indivíduos de diferentes gerações é possível que as dificuldades sejam neutralizadas e, assim, o trabalho colaborativo de análise de dados seja eficiente para a organização.

  1. 4 Criando soluções inovadoras

Conforme descrito no decorrer deste trabalho, atividades colaborativas são uma importante ferramenta de condensação de perspectivas e ideias diversas. O estudo de (Costa et al., 2020), afirma que o trabalho de equipe é um ambiente favorável para geração e aperfeiçoamento de ideias. Ideias são a base de qualquer solução inovadora, como também aduz o estudo.

A metodologia utilizada para impulsionar os integrantes a desenvolverem as suas perspectivas e produzirem soluções para determinados problemas também é um ponto crucial na efetividade de um trabalho colaborativo. O estudo de (Cauduro & Prado, 2022) apresentou a docentes a metodologia de Design Thinking que propiciou a criação de ideias disruptivas, além de exercitar a empatia entre os participantes.

Dessa forma, nota-se que a combinação de ferramentas como investimento em atividades colaborativas realizadas com base em metodologias modernas produzem um ambiente potencializador para o desenvolvimento de soluções inovadoras a serem apresentadas aos tomadores de decisão.

  1. 5 Tomada de decisão

Todas as etapas anteriormente destacadas têm como objetivo principal a facilitação da tomada de decisão considerando os fatores mais amplos possíveis. Pontos como padronização do fluxo de inclusão e tratamento de dados em sistema de ERP para criação de indicadores e atividades colaborativas de análise de dados possibilitam a criação de soluções mais abrangentes e inovadoras que serão consideradas quando a decisão for tomada.


Todo o exposto destaca a complexidade da tomada de decisão e, por isso, todas as etapas precisam ser cuidadosamente planejadas para que reflitam a realidade da forma mais fidedigna possível, além de tornar o processo fluido.

3 Considerações Finais

Este estudo mostrou como dados imputados em sistemas de ERP mais a análise dessas informações de forma colaborativa podem ser instrumentos eficientes na busca de soluções inovadoras que facilitem a tomada de decisão em direção ao propósito da instituição que é a vantagem competitiva.

Por meio de uma análise focada em cada um dessas conceituações abordadas foi possível mostrar que a cautela em coletar e tratar dados por meio de sistemas permite a produção de resultados acurados e que a análise dessas informações feita de uma forma colaborativa por uma equipe engajada respeitosa em relação às diversidades de seus integrantes são fundamentais para o encontro de soluções inovadoras que facilitam as tomadas de decisão.

4 Referências Bibliográficas

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Fernanda Tannous é associada à AB2L, Advogada formada pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, especialista em Gestão Legal pela Escola Paulista de Direito e Mestranda em Desenvolvimento de Negócios e Inovação pela MUST University.
Controller jurídico há mais de 10 anos e CEO da TL Adsumus Gestão Jurídica, empresa especializada em Controladoria Jurídica e Legal Operations.

Fernanda Tannous
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