A AB2L iniciou suas atividades em 2017 e, desde então, escreve os capítulos de uma história que tem muito para contar sobre o ecossistema de tecnologia jurídica.
Conheça nossas associadas.
Programas para educar o mercado, fomentar o ecossistema e participar ativamente do processo de regulamentação brasileiro entre direito e tecnologia.
Capítulos regionais/locais exclusivos para associados e grupos abertos ao público em geral.
Mais de 300 horas de conteúdo educacional focado no ecossistema jurídico e tecnológico.
Exclusivo para associados.
O bitcoin tem chamado a atenção do mundo pela hipervalorização. Mas poucas pessoas usam, de fato, a moeda virtual.
Agora, já pensou se o seu salário fosse pago em criptomoedas?
A partir do início do ano que vem, 4 mil funcionários da empresa japonesa de internet GMO Group vão ter a opção de receber parte dos salários em bitcoin.
Para os críticos, trata-se de uma jogada de marketing, anunciada no momento em que o interesse global pela tecnologia financeira está em alta.
Eles alertam também para os riscos relacionados à volatilidade da moeda, que despencou na semana passada, mas desde então se recuperou em mais de 50%.
Mas o que isso realmente significa para os empregadores e funcionários?
Os salários em bitcoin geralmente são pagos de acordo com o valor da moeda digital em data e hora previamente acordadas.
Por exemplo, se o preço do bitcoin for US$ 10 mil e um funcionário escolher receber US$ 1 mil em criptomoeda, ele ganharia 0,1 bitcoin.
Aqueles que optarem por vender a moeda virtual imediatamente receberiam a mesma quantia que teria sido paga em dinheiro (desde que tenham acertado a venda antecipadamente).
Já quem quiser guardar a criptomoeda – seja por um dia, uma semana ou um ano – verá seu valor subir ou descer. Os US$ 1 mil podem acabar valendo US$ 5 mil. Ou até mesmo nada.
Desta forma, especialistas argumentam que pagar salários em bitcoin estimula as pessoas a correrem risco.
“Se um empregado está recebendo seu salário em bitcoin, ele também poderia receber em bilhetes de loteria”, compara Massimo Massa, professor de finanças da Escola INSEAD de Negócios.
“Eles estão apenas participando de um jogo.”
Segundo ele, os funcionários devem ser informados de que “não há garantias de que o preço (da moeda) aumentará e que não há valor intrínseco porque não há nada para respaldá-lo.”
E acrescenta que esse tipo de transação nunca pode ser obrigatório.
Apesar dos repetidos alertas de economistas e analistas financeiros de que a euforia em torno do bitcoin é uma bolha prestes a estourar, parece que as pessoas estão dispostas a assumir o risco.
A Bitwage, plataforma desenvolvida para converter salários em criptomoedas, ganhou milhares de novos usuários no ano passado, à medida que as pessoas foram atraídas pela rápida ascensão dos preços.
“Hoje em dia, muita gente quer ter parte e, às vezes, todo o salário pago em bitcoin”, afirma Jonathan Chester, fundador do Bitwage.
A empresa já processou neste ano US$ 30 milhões em salários de 20 mil usuários nos EUA, Europa, América Latina e Ásia, incluindo funcionários do Google, do Facebook, da GE, da Philips, da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Marinha norte-americana. Muitos trabalhadores se inscreveram no serviço por conta própria.
Para Chester, que diz converter 15% de seu próprio salário mensal, “é uma maneira de acumular bitcoin ou criptomoeda sem se preocupar se você está comprando no momento certo”.
Desta forma, as pessoas podem, teoricamente, reduzir os riscos da volatilidade porque “só compram pequenas quantidades ao longo do tempo”.
É complicado generalizar, e parece inevitável que, à medida que a indústria se desenvolva, as regras fiscais também evoluam.
Em qualquer parte do mundo, os empregados estão sujeitos a pagar imposto sobre seus rendimentos em bitcoin, calculado sobre o valor no momento em que o salário é pago.
Mas, assim como acontece com a compra de ações, os funcionários podem precisar pagar imposto sobre ganho de capital, se o bitcoin aumentar de valor, dependendo da jurisdição fiscal.
Algumas empresas que trabalham na indústria de criptomoedas têm oferecido salários em bitcoin há anos.
Afinal de contas, se você chegou cedo e comprou quando o preço estava muito baixo, poderia ser uma jogada inteligente usá-la agora para pagar os salários.
Mas, para outras, é apenas uma estratégia de negócios.
O grupo japonês GMO, por exemplo, diz que quer levar a equipe a conhecer melhor o bitcoin.
A empresa expandiu recentemente sua atuação para negociação de moedas virtuais e mineração de criptomoedas.
E espera que, a partir da experiência pessoal direta com o bitcoin, os funcionários se familiarizem com o mercado de criptomoedas.
“É vital para o crescimento e expansão do nosso negócio de criptomoedas”, diz a empresa.
A indústria de pagamentos digitais está em expansão, com novas moedas digitais surgindo o tempo todo.
Na TenX, startup com sede em Cingapura, os funcionários geralmente têm o salário base pago em suas contas bancárias, mas o bônus mensal é pago em tokens Pay, moeda digital própria da empresa.
Os tokens, que podem ser negociados em operações digitais, foram emitidos em uma oferta inicial de moedas em junho, permitindo que a empresa levantasse US$ 80 milhões.
Julian Hosp, cofundador e presidente da TenX, afirma que não fazia sentido comprar bitcoin para pagar bônus quando a empresa já tinha sua própria moeda.
Segundo ele, pagar bônus em tokens pode incentivar os funcionários, uma vez que o valor do Pay aumenta de acordo com o sucesso da empresa.
O gerente de comunidades da TenX, Mike Ferrer, foi além e optou por receber também parte de seu salário base em Pay, além do bônus mensal.
Com 32 anos, ele investe em criptomoedas há algum tempo e admite que há grandes riscos. Mas afirma que só investe aquilo que pode pagar.
“Eu me imagino pegando uma pilha de dinheiro e vendo as notas queimarem na minha frente. Quando não me sentir confortável com isso, é porque já investi demais”, afirma Ferrer.
Nossas novidades direto em sua caixa de entrada.