A AB2L iniciou suas atividades em 2017 e, desde então, escreve os capítulos de uma história que tem muito para contar sobre o ecossistema de tecnologia jurídica.
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No mundo contemporâneo, a tecnologia permeia cada aspecto de nossas vidas, e o ecossistema jurídico não é exceção. Este artigo visa ilustrar como tecnologias disruptivas, como Inteligência Artificial e Automação, estão reconfigurando a advocacia, enquanto delineamos o novo perfil ideal do(a) advogado(a).
Desde o advento de inovações como Inteligência Artificial (IA), automação robótica de processos (RPA), e blockchain, o setor jurídico tem vivenciado transformações profundas. Ganhos de produtividade consideráveis, sobretudo em gestão de demandas e validação de contratos, podem ser diretamente atribuídos à hiperautomatização inteligente de tarefas administrativas e burocráticas.
A tecnologia passou a estar cada vez mais integrada à advocacia, veja só um singelo comparativo de onde estávamos para onde estamos:
Em suma, nota-se uma simbiose, ou melhor, uma associação de longo prazo entre direito e tecnologia, em que ascendeu o Juízo 100% Digital.
É nesse cenário que há uma demanda crescente por profissionais que naveguem na interseção e confluência entre Direito, Tecnologia, Negócios e Gestão. Isto é, a necessidade atual vai além do mero conhecimento jurídico especializado, dando lugar a um perfil mais holístico.
Habilidades interpessoais (soft skills), como comunicação, empatia e alta disponibilidade tornam-se cruciais, pois são cada vez mais valorizadas pelos clientes, como indica pesquisa da AB2L[1]1 em parceria com a Lexly. Nesse estudo pioneiro foi constatada uma grande desconexão entre as expectativas da população em geral sobre serviços jurídicos e advocatícios e a realidade encontrada pelos clientes, os quais valorizam soft skills muito mais do que a experiência profissional. Outra conclusão significativa foi que a população em geral vê o uso de tecnologia como algo positivo para a advocacia, porém os próprios advogados não se sentem tão preparados e atualizados tecnologicamente.
Aos poucos, habilidades desejadas para contratação de um profissional jurídico deixam de envolver o conhecimento ou especialidade, cedendo espaço para habilidades com tecnologia de automação e otimização de tempo. Adicione-se, ainda, a capacidade de usar softwares para pesquisas jurídicas eficientes e familiaridade com automações para obter um fictício certificado de profissional desejado e de alto valor.
É que, em um mercado altamente competitivo, a prática jurídica passou a exigir um profissional com perfil interdisciplinar para trabalhar em sinergia com diversas soluções inovadoras e eficazes. Essa prática jurídica, que até pouco tempo contava com poucas ferramentas tecnológicas de apoio e avessa ao mundo virtual, serviu de terra fértil para inovações variadas na gestão de processos, documentos jurídicos
e tomada decisões baseada em dados em prol de uma melhor atenção ao cliente e de uma conquista de novos relacionamentos profícuos.
Aliás, no cenário complexo de hoje, os desafios jurídicos raramente ficam confinados aos limites da jurisprudência ou da Lei. Eles se cruzam com a privacidade dos dados, a segurança cibernética e na experiência do cliente. A tecnologia equilibra o cumprimento das tarefas diárias, liberando a agenda do Advogado para os seus clientes.
O jurídico que se observa hoje se aproxima da Industria, em especial, da engenharia de produção, em que é necessário um mapeamento de processos, controle de qualidade e redução de custos. Robôs, softwares e advogados equilibram e distribuem tarefas para evitar o desperdício de tempo com preenchimento de formulários, alimentação de sistemas jurídicos, produção de documentos padronizados e conferência de dados ou inconsistências, por exemplo. O foco é conquistar e fidelizar o cliente com um elevado padrão de qualidade e satisfação.
Escritórios ou advogados que não usam qualquer automação perdem competitividade ao insistir em trabalhar com tecnologias desatualizadas e que não agregam no relacionamento com o cliente. Sem a automação robótica de processos (RPA), por exemplo, os colaboradores são escravizados por rotinas burocráticas e tarefas repetitivas, com risco do padrão de qualidade ser baixo e inconsistente, propenso a
erros e a danos aos interesses dos clientes.
A Advocacia moderna deve estar alinhada com uma combinação de conhecimentos especializados em direito e tecnologia para melhorar e transformar a relação advogado-cliente, que vai desde o atendimento remoto por vídeo, portais de cliente e chatbots que facilitam o acesso dos clientes ao suporte jurídico com disponibilidade 24/7.
Focar na experiência do cliente é fundamental para a retenção, fidelidade à marca e estabelecimento de uma vantagem competitiva, sendo essencial profissionais que vão além da proficiência isolada em uma especialidade e tenham conhecimentos básicos em automação, tecnologia e inovação jurídica.
O foco em melhorar a experiência do cliente é vital para a longevidade e o sucesso na advocacia contemporânea, cabendo aos Advogados combinarem expertise jurídica com competências técnicas e interpessoais para manter um equilíbrio profissional saudável, aproveitando o máximo que a tecnologia pode oferecer nessa jornada de conquistar e fidelizar clientes.
Hoje, mais do que nunca, a fusão entre Direito e Tecnologia se torna um imperativo na advocacia. Aqueles que forem capazes de navegar por essa interface complexa terão, indubitavelmente, um lugar garantido na advocacia do futuro.
Nailton Gomes é Advogado, Desenvolvedor Fullstack e Empreendedor na Legal Wizard. Atua como consultor em inovação e automação jurídica, além de ser pesquisador, auxiliando departamentos jurídicos, empresas de desenvolvimento de softwares e escritórios de advocacia com novas tecnologias e automações para melhorar os serviços jurídicos por meio de chatbots contextuais e com IA.
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