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Magazine Luiza: o novo conceito de gestor jurídico e a aproximação com lawtechs

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É assim que a Magazine Luiza deixou de ser “varejo tradicional com uma área digital” e começou a se portar como uma “plataforma digital com pontos físicos”

Começamos com esse trecho para mostrar a oportunidade que o setor tem à sua frente. Conversamos com diversos empreendedores: Fred Ferraz, Diretor de Marketing da AB2L e associado através da Kurier, que nos disse que o grande gargalo desse mercado no Brasil é a falta de investimento em tecnologia; também conversamos com Matheus Bombig, co-fundador e Diretor Financeiro da AB2L e co-fundador da Invenis, que enalteceu a oportunidade que o jurídico tem com Big Data; com Erik Nybo, que está fazendo um belo trabalho de fomento em âmbito acadêmico. Esses são players desse movimento: embora comedidos em alguns pontos, geralmente são bastante otimistas quanto ao futuro das lawtechs no Brasil.

Mas agora estamos falando com Ricardo Querino, representante de uma empresa que possui 12 bilhões em receita bruta, 50 milhões de clientes, 820 lojas, 20 mil colaboradores e 28% da participação do e-commerce nacional. O StartSe acredita veemente que o ecossistema só evolui com a participação de todos os seus agentes. É de valor quase que inestimável ouvir o que os empreendedores têm a dizer, mas o contraponto, em um setor tão tradicionalista quanto o jurídico, é uma oportunidade para que o nosso leitor entenda devidamente a proporção que o movimento está tomando.

Temos aqui o discurso do peixe grande, erroneamente tido como o conservador da relação. Sim, há ainda muito conservadorismo no mercado em geral, mas não: a inovação não é um privilégio das startups. Quem se atenta ao que está acontecendo – e não quer se tornar uma Kodak da vida – possui um discurso bem alinhado com os conceitos da Nova Economia.

É assim que a Magazine Luiza deixou de ser “varejo tradicional com uma área digital” e começou a se portar como uma “plataforma digital com pontos físicos”. É assim que ela se aproximou das lawtechs: da Legal Insights, mais especificamente. Conversamos sobre esse case com o fundador Marcos Speca – não deixe de conferir.

Aproveitando a deixa para fazer um convite: se você é um empreendedor, advogado, gestor, ou simplesmente um entusiasta sobre o assunto, conheça mais e participe do LawTech Conference, a maior conferência de tecnologia no setor jurídico da América Latina.

Querino fala sobre a parceria com a Legal Insights:

“Conheci o Marcos e a Legal em um momento que estava atrás de novas tecnologias para aumentar a eficiência do departamento e trazer mais indicadores para a área. Comecei vendo softwares de gestão jurídica e acabei me deparando com uma plataforma altamente inovadora, com conceitos de analytics, Big Data. Não só trazia informações da gestão jurídica, mas também trazia mesclas, insights de informações advindas de outros sistemas da empresa, como pagamento, CRM de atendimento. Experiência extremamente rica, oportunidade de estar envolvido com uma startup. A forma de trabalho deles é sensacional, a facilidade de viabilizar o negócio é fora de série. Temos ganhos reais, em relação a ticket médio, de encerramento de processos, redução de estoque de processos. São todos ganhos que foram apenas possíveis graças a utilização de uma ferramenta que trouxe muito mais detalhes para as nossas análises”, comenta.

Para o gerente, a utilização prática de Inteligência Artificial pode ser um diferencial para as novas soluções que estão surgindo, embora ele advirta que ainda não temos exemplos claros de sua empregabilidade no setor. Big Data e Analytics são outra tendência fortíssima, segundo Ricardo. A Legal Insights já é um case de sucesso da aplicação dessa tecnologia. Trabalhar informações para gerar insights certeiros e inteligência em processos manuais. Quando se fala de tecnologia, é mais complexo para quem está fora desse mundo não cair em algumas armadilhas, como aquela que diz que a automação vai tomar o trabalho dos advogados. Querino discursa a respeito:

“A tecnologia está tirando dos advogados as funções que não eram deles. Perdia-se muito tempo com atividades operacionais. Por exemplo: perdia uma hora e meia, duas horas, para tirar a cópia de um processo. O advogado ficava lá no balcão do cartório esperando. Hoje, através da digitalização, conseguimos resolver isso de dentro do escritório. Você tem acesso a todo o histórico do processo. Outro case que é válido mencionar que temos aqui no Magazine é a antecipação de processo. Capturamos do site dos tribunais a distribuição de novos processos. Isso trouxe muito mais segurança e tempo para montar a defesa. Não confronta em nada, não tira nenhuma atividade que os advogados deveriam estar exercendo. A tecnologia não vai substituir: vai tornar mais eficiente e deixar o advogado mais focado no que realmente tem que fazer, como pesquisar novas teses, elaborar pareceres”.

Sobre sua trajetória, ele nos conta: “Entrei no Magazine Luiza em 2002, uma época que a empresa tinha aproximadamente 130 lojas. Assumi a área cível da companhia, fiz gestão e acompanhamento das ações civis do PROCON até 2010, quando mudamos de Franca para São Paulo. Foi aí que assumi a gestão das ações trabalhistas da companhia e passei a gerir todo o contencioso. Ações mobiliárias, registro de marcas, está tudo comigo. São 15 anos de gestão de processos de massa. Fui me especializando nas melhores práticas para gerir toda essa nave: curso de gestão de contencioso de massa na FGV, gestão de departamento jurídico no Insper – que foi onde conheci o Jurídico Sem Gravatas”.

O movimento, encabeçado por Flavio Franco, Diretor Jurídico da Netshoes e coordenador do Curso de Gestão de Departamento no Insper, propõe ao mercado a nova roupagem do gestor jurídico, um gestor viabilizador, antenado ao negócio.

“Conheci esse projeto quando fiz o curso no Insper. O Flavio Franco, ao lado de outros professores, comunga a ideia do novo gestor jurídico, um executivo muito mais envolvido com a área de negócios, muito mais preparado para tomar decisões, que trabalha de forma proativa e colaborativa, que não fica isolado no mundo das leis, que não tem como drive o “não pode, não dá”. Um gestor viabilizador. O coletivo escolheu o símbolo da gravata para convidar o novo gestor a afrouxar a postura, participar mais de todos os processos da empresa, deixar essa roupagem, muitas vezes burocrática e retrógrada, para trás”, continua.

Talvez devido à natureza letiva do advogado, que precisa estar aprendendo constantemente para se manter competitivo, o setor possui belas iniciativas nesse cenário acadêmico, como é o caso do Curso Direito das Startups – também – do Insper, coordenado por Erik Nybo, vice-presidente da AB2L. Questionamos Ricardo sobre sua perspectiva diante desses esforços:

“Essa é uma discussão de alguns anos: rever a grade curricular dos cursos de Direito. Hoje ainda existe aquele conceito de que quem faz direito ou opta pela advocacia tradicional ou presta concurso. A gestão de departamento jurídico não é algo que está em discussão nas faculdades. E quando eu falo gestão de departamento jurídico eu estou falando de uma série de atribuições e conhecimentos que o gestor acaba tendo que buscar depois da faculdade. Conhecimento contábil, financeiro, gestão de projetos, implantação de melhorias. Tem um universo gigantesco de novos conhecimentos que não são explorados. Faz todo o sentido levar esses conhecimentos de lawtechs para o mundo acadêmico”, finaliza.


Por: Lucas Bicudo – Lucas Bicudo é repórter do Portal StartSe.

Fonte: Startse
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