A AB2L iniciou suas atividades em 2017 e, desde então, escreve os capítulos de uma história que tem muito para contar sobre o ecossistema de tecnologia jurídica.
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O Brasil fechou o ano de 2019 com 77,1 milhões de processos em tramitação no Poder Judiciário, segundo um relatório do CNJ. O acompanhamento deles por advogados tem um papel cada vez maior da tecnologia – e das legaltechs e lawtechs, startups voltadas ao setor jurídico. A EasyJur é uma delas. Sua solução permite automatizar tarefas e digitalizar a gestão de escritórios. O número de usuários dobrou no período de pandemia e a projeção é ultrapassar o R$ 1 milhão em faturamento este ano.
A startup foi fundada em 2016 por Vinicius Marques. A ideia veio de uma situação vivida por ele e sua família: alguns anos antes, sua mãe descobriu que o imóvel que comprou foi vendido a outras pessoas pela incorporadora. Ela contratou um advogado para acompanhar o caso, mas o profissional acabou perdendo um prazo. “Minha mãe foi surpreendida por um oficial de justiça com ordem de despejo. Tivemos três dias para entregar o imóvel”, conta ele.
Marques tem formação na área de tecnologia e comandava uma software house naquela época. Conversando com o advogado da empresa, soube que não havia muito a ser feito sobre a situação – e que todo o acompanhamento de prazos e processos geralmente era feito manualmente. “Achei isso surreal. Pesquisei sobre a realidade dos escritórios de advocacia e vi que realmente não tinha muita tecnologia.”
Em 2015, em paralelo a sua então empresa, ele desenvolveu uma solução para automatizar etapas desse acompanhamento. Como forma de testar e aprimorar a tecnologia, ele a forneceu gratuitamente a advogados durante cerca de um ano. O número de usuários chegou a 400. Em agosto de 2016, atraiu o interesse da Ordem dos Advogados (OAB) de Minas Gerais.
“Eles gostaram e quiseram levar para o estado inteiro. Foi quando fechei o meu primeiro contrato”, diz o empreendedor. Em 30 dias, mais de 5 mil advogados passaram a utilizar a plataforma. Marques encerrou seus projetos na empresa de softwares e passou a se dedicar integralmente à EasyJur. Nos anos seguintes, a lawtech fechou parcerias com OABs de outros estados.
Por meio delas, os advogados ganham acesso gratuito a uma versão simplificada da plataforma. As OABs também não pagam pelo contrato. A vantagem do formato está na atração de usuários pagantes. “O advogado começa usando o sistema gratuito. Quando começa a crescer, passa a ter necessidades mais avançadas.” O modelo híbrido é chamado de freemium.
Expansão
A plataforma foi evoluindo nos últimos quatro anos a partir das experiências dos usuários. Hoje ela usa recursos como machine learning e automação para eliminar tarefas manuais e repetitivas. Uma delas é justamente o acompanhamento dos prazos dos processos: o sistema é capaz de identificar, interpretar e alertar sobre publicações relacionadas a eles.
Outras funções auxiliam a gestão do dia a dia dos advogados e escritórios. É possível emitir boletos, cadastrar fornecedores e clientes e organizar a agenda, por exemplo. O valor inicial dos pacotes pagos varia entre R$ 107 e R$ 799 de acordo com o número de profissionais. O mais caro mantido hoje chega a R$ 15 mil.
Segundo Marques, o contato próximo com os usuários foi um ponto-chave para o crescimento. “Desde o princípio, nossa filosofia é ouvir os advogados. Ninguém melhor do que eles para falar o que precisam”, diz. No início da pandemia, a startup liberou a plataforma gratuita para o mercado, atraindo novos usuários e apoiando os advogados durante os meses seguintes. Hoje, ela está disponível apenas pelos convênios.
Entre março e setembro, segundo ele, o número de clientes e o faturamento cresceram 100%. Para lidar com a expansão, a startup expandiu sua equipe de 16 para 32 pessoas. A expectativa é que os novos convênios fechados no Rio e em São Paulo permitam um crescimento de 300%. Para o ano, Marques projeta um faturamento de mais de R$ 1 milhão, contra cerca de R$ 600 mil em 2019.
A EasyJur foi acelerada pela Darwin Startups em 2018, recebendo um aporte R$ 170 mil. No ano seguinte, levantou uma rodada pré-seed de R$ 1 milhão, reunindo, além da aceleradora, a Anjos do Brasil e investidores VC e pessoa física. Agora, foi selecionada para o programa Google for Startups Accelerator.
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