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Texto adaptado da Revista Galileu – Edição 361/ abril 2022
Nos últimos meses, o mercado do metaverso vem passando por uma expansão significativa. Segundo o site Statista, em outubro de 2021 as empresas do setor capitalizaram US$ 14,8 trilhões — só a Meta teve um faturamento de US$ 118 bilhões, embora os dados levem em conta também o que foi gerado pelas redes sociais controladas pela empresa, entre elas Facebook, Instagram e WhatsApp. E, de acordo com o mesmo site, 74% dos adultos consideram entrar para o metaverso. Será nele o nosso futuro?
Apesar da empolgação do mercado e do público, há diversas questões a serem resolvidas antes de vivermos nessa nova dimensão. A começar pelo próprio conceito: seria o metaverso um único ambiente completamente digital, como o imaginado em Snow Crash (livro de 1992 que criou o termo “metaverso”)? Ou seriam diferentes apps de realidade virtual que funcionam como uma extensão do mundo real? “As pessoas querem que ele seja uma outra realidade onde você possa viver, com outra economia, outros prédios, essa ideia de um universo alternativo para onde você pode ir”, defende o especialista em cibersegurança Ibrahim Baggili, fundador e diretor do Instituto de Tecnologia de Connecticut da Universidade de New Haven, nos Estados Unidos. “Mas a realidade do momento é que ele não é nada, o metaverso não existe. É só uma loja de aplicativos.” O diretor da AB2L usa a metáfora de um grande mar onde vários rios se encontram para explicar a vastidão desse novo ambiente e separá-lo de tecnologias como 3D, realidade aumentada e realidade virtual. “O metaverso é como se chegássemos a um ápice, pois ele consegue conectar todas as tecnologias em um único lugar. Todos os rios desembocam no mar, que é o metaverso”, ilustra Daniel Marques. Ainda assim, não parece haver um consenso se o metaverso obrigatoriamente precisa integrar todas essas tecnologias. Na visão do jornalista André Pase, professor de comunicação digital na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) cuja pesquisa tem ênfase em jogos digitais, o metaverso seria uma tentativa de reinvenção da web. “A internet chegou a um momento em que o que não é aplicativo ficou chato. Mas existe uma demanda para ir além do app, e essa ideia do metaverso chega tentando vender esse imaginário de um ambiente digital mais rico.”
A definição vai ao encontro daquela idealizada pela Meta, que reconhece que o metaverso ainda está um pouco distante e estima que leve até 10 anos para que ele de fato exista. “O metaverso
é a próxima evolução das tecnologias sociais que conhecemos hoje e o sucessor da internet móvel”, aponta Caroline Dalmolin, líder de Growth Platform Partnerships da Meta na América Latina, em declaração por e-mail. “A principal característica do metaverso será a presença social imersiva, ou seja, as pessoas terão a sensação de estar perto umas das outras. Não é necessariamente sobre passar mais tempo online ou substituir as experiências no mundo físico, mas tornar mais significativo o tempo que você está online.” O problema é que, à medida que acrescentamos novas camadas à interação com o virtual, agravam-se os desafios com os quais já temos dificuldade de lidar — quando não situações completamente novas. Menos de seis meses depois da virada de chave de Zuckerberg, muitos deles já começaram a aparecer.
COMO LEGISLAR O FUTURO?
Falar dos desafios e da segurança no metaverso é importante para que a sociedade reflita sobre as implicações desse novo espaço. “Precisamos começar um debate envolvendo diferentes atores de diferentes setores para que eles tratem dos problemas que vão surgir e quais as possíveis soluções”, opina o pesquisador do ITS Rio. “Mas nós temos ouro em mãos do
ponto de vista regulatório. Uma empresa global como a Meta anunciou que vai chegar daqui a 10 anos. Isso nos dá 10 anos para pensar em novas molduras regulatórias que não tivemos quando passamos da web 1.0 para a 2.0.”
Mas, tratando-se de algo que ainda mal sabemos o que é, desenhar essas medidas regulatórias é mais complicado. “Regular novas tecnologias olhando para o futuro é muito problemático, porque elas mudam de ano a ano, mês a mês, dia a dia. Não dá para dar um salto e simplesmente decidir criar a lei do metaverso, o marco civil do metaverso. Em 10 anos, não vai ser nem obsoleto, vai ser imprestável”, conclui João Victor Archegas, mestre em Direito pela Universidade Harvard e pesquisador do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio)
Para a professora da Universidade Brunel, o caminho talvez esteja na autorregulação das empresas, que precisam ter regras comunitárias para seus espaços virtuais. “Se um metaverso está sendo criado por uma determinada companhia, ela deve garantir que as regras sobre comportamento, uso e processamento de dados sejam conhecidas pelos usuários. Tendo em vista os escândalos do passado, elas precisam fazer mais para mostrar que são capazes de merecer nossa confiança”, observa Pin Lean Lau. “Mas, às vezes,
não é nem sobre a tecnologia, e sim sobre como a usamos.” O diretor da AB2L concorda. “Há um princípio jurídico de que não podemos condenar o uso pelo abuso. Seja no metaverso, seja no
mundo físico, existe o ser humano. É óbvio que vão surgir desafios no mundo virtual, não temos que ser ingênuos diante dos problemas concretos, temos que ter soluções concretas”, opina Daniel Marques.
“O que não podemos ter é o tecnopânico, pois são problemas passíveis de soluções e temos mais aspectos positivos do que negativos.”
A reportagem completa você confere na edição 361 da Revista Galileu, lançada em abril de 2022.
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