A AB2L iniciou suas atividades em 2017 e, desde então, escreve os capítulos de uma história que tem muito para contar sobre o ecossistema de tecnologia jurídica.
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Texto original de Vinicius Alves publicado pela Pequenas Empresas & Grandes negócios
A pandemia acelerou o uso de soluções tecnológicas no universo jurídico. As legaltechs, empresas que desenvolvem produtos para o setor, vêm trazendo mais rapidez e eficiência, reduzindo litígios e facilitando o manejo de dados para advogados e juízes.
O advogado Flávio Ribeiro é um dos empreendedores que apostou nessa transformação digital. Em 2014, ele fundou a NetLex, uma startup que automatiza contratos. Ao trabalhar em um escritório renomado na área de fusões e aquisições de empresas, Ribeiro percebeu que parte considerável do processo de fazer um contrato poderia ser automatizada, reduzindo tempo e gastos.
“Os contratos envolvidos nesse tipo de operação são complexos, mas depois que você domina o processo, 80% é automático, sem precisar pensar muito. Na época, eu fui olhar no mercado como era essa parte de automação de documentos e não achei nenhuma solução”, relembra Ribeiro.
A plataforma, que funciona como um SaaS (software as a service), permite elaboração de contratos, automatização de solicitação, negociação de documentos e acompanhamento de fluxos jurídicos e administrativos. “Nós fazemos uma plataforma one stop shop, você consegue gerir todo ciclo contratual. Mas não só isso, uma vez que você cria o documento, a gente extrai dados de forma automática para depois ajudar na gestão e inteligência”, explica Ribeiro. A startup já atraiu clientes como Ambev e Ipiranga, além de estar presente no Reino Unido, Argentina e México.
A Sem Processo, legaltech criada por Bruno Feigelson, também busca ser uma plataforma one stop shop em recursos tecnológicos para o mercado jurídico. “Eu sou advogado, criei meu escritório em 2010. Em dado momento, um amigo me procurou com problemas relacionados a uma empresa. Eu era meio contra ficar entrando com ação judicial e sugeri que ele fizesse um acordo. E dali nasceu a ideia do Sem Processo”, conta Feigelson.
Fundada em 2016, o objetivo era resolver um gargalo do mercado. Segundo Feigelson, o Brasil é um dos países que mais gasta o percentual do Produto Interno Bruto (PIB) com o judiciário, com quase 100 milhões de processos judiciais. “Então, a gente fez uma plataforma para ajudar os advogados a procurarem empresas antes de propor uma ação na justiça. Hoje, o Sem Processo é um hub de soluções jurídicas muito na área de legal operations”, diz ele. Na prática, a plataforma oferece diversas soluções, sendo possível organizar departamentos jurídicos, negociações de acordos online e até mapear dados.
“Tem clientes nossos com muitas ações judiciais, imagina procurar essas empresas. A gente ajuda, capturando os processos na justiça, cadastrando no sistema do cliente e mostrando numa visão de big data”, explica Feigelson. A empresa a cada ano vem dobrando de tamanho e já conta com 70 funcionários. Para Feigelson, a chegada da web 3.0 é um dos momentos mais interessantes do mercado jurídico para crescer com tecnologia e exponenciar soluções.
Advogada de formação, Renata Nilsson também utilizou sua expertise em direito para o mundo de negócios. Em 2020, ela fundou a PX Ativos Judiciais, empresa que adquire créditos de ações judiciais e paga uma remuneração baseada no ganho da ação após um desfecho favorável na justiça. “Eu vivi na prática a experiência de ter um escritório e tentar crescer, mas não conseguir por falta de liquidez. Só ganhando com o êxito da ação”, diz Nilsson
A startup tem parceria com a Galápagos Capital, que tem um fundo para financiar a compra desses processos. Segundo Nilsson, a legaltech analisa dados públicos e avalia quais processos têm o perfil para compra, oferecendo uma proposta. A forma de faturamento, diz ela, é uma remuneração fixa e participações no resultado do fundo. Na próxima semana, a PX pretende abrir mais um fundo relacionado a precatórios. “Muitos advogados nos procuram para ajudar na questão de jurimetria a fim de melhorar a carteira, fazer análises, e [saber] se seguem ou não com determinada demanda”, afirma ela.
Jurimetria é o foco da Deep Legal Analytics, que usa inteligência artificial para monitorar e prevê resultados de ações judiciais. Formada em direito, Vanessa Louzada era sócia de um escritório de advocacia quando decidiu empreender no setor e criar a startup. “No escritório, nós atuavamos para empresas que tinham muitos processos. Avaliei que não dava para fazer uma advocacia tradicional, precisávamos ter uma advocacia mais focada na gestão e nos negócios”, relata. Com pouca tecnologia e sem dados suficientes, ela conheceu um software desenvolvido por Raul Figueiredo e Ricardo Rezende, que monitorava dados e analisava quais processos tinham mais chance de vencer ou perder.
Foi o pontapé para a criação da Deep Legal. Atualmente, a legaltech acerta mais de 80% das previsões de ações judiciais por mês. Para isso, é necessário usar robôs, que coletam os dados dos tribunais para entender os trâmites dos processos. “O direito não é como antigamente, algo tradicional e fechado. Como o ecossistema é altamente ineficiente, nós pensamos nessa advocacia mais próxima do cidadão, mais ágil, entregando resultados e focada em dados”, afirma Louzada.
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