Advogados apostam no empreendedorismo e criam legaltechs para automatizar o mundo jurídico

Startups desenvolvem soluções inovadoras para tornar o setor mais produtivo e eficaz
Publicado em
judge-gb53b52e41_1920
Imagem: Pixabay

Texto original de Vinicius Alves publicado pela Pequenas Empresas & Grandes negócios

A pandemia acelerou o uso de soluções tecnológicas no universo jurídico. As legaltechs, empresas que desenvolvem produtos para o setor, vêm trazendo mais rapidez e eficiência, reduzindo litígios e facilitando o manejo de dados para advogados e juízes.

Flávio Ribeiro e Bruno Feigelson  (Foto: Divulgação )
Flávio Ribeiro e Bruno Feigelson, fundadores da NetLex e da Sem Processos, respectivamente (Foto: Divulgação )

O advogado Flávio Ribeiro é um dos empreendedores que apostou nessa transformação digital. Em 2014, ele fundou a NetLex, uma startup que automatiza contratos. Ao trabalhar em um escritório renomado na área de fusões e aquisições de empresas, Ribeiro percebeu que parte considerável do processo de fazer um contrato poderia ser automatizada, reduzindo tempo e gastos.

“Os contratos envolvidos nesse tipo de operação são complexos, mas depois que você domina o processo, 80% é automático, sem precisar pensar muito. Na época, eu fui olhar no mercado como era essa parte de automação de documentos e não achei nenhuma solução”, relembra Ribeiro.

A plataforma, que funciona como um SaaS (software as a service), permite elaboração de contratos, automatização de solicitação, negociação de documentos e acompanhamento de fluxos jurídicos e administrativos. “Nós fazemos uma plataforma one stop shop, você consegue gerir todo ciclo contratual. Mas não só isso, uma vez que você cria o documento, a gente extrai dados de forma automática para depois ajudar na gestão e inteligência”, explica Ribeiro. A startup já atraiu clientes como Ambev e Ipiranga, além de estar presente no Reino Unido, Argentina e México.

Sem Processo, legaltech criada por Bruno Feigelson, também busca ser uma plataforma one stop shop em recursos tecnológicos para o mercado jurídico. “Eu sou advogado, criei meu escritório em 2010. Em dado momento, um amigo me procurou com problemas relacionados a uma empresa. Eu era meio contra ficar entrando com ação judicial e sugeri que ele fizesse um acordo. E dali nasceu a ideia do Sem Processo”, conta Feigelson.

Fundada em 2016, o objetivo era resolver um gargalo do mercado. Segundo Feigelson, o Brasil é um dos países que mais gasta o percentual do Produto Interno Bruto (PIB) com o judiciário, com quase 100 milhões de processos judiciais. “Então, a gente fez uma plataforma para ajudar os advogados a procurarem empresas antes de propor uma ação na justiça. Hoje, o Sem Processo é um hub de soluções jurídicas muito na área de legal operations”, diz ele. Na prática, a plataforma oferece diversas soluções, sendo possível organizar departamentos jurídicos, negociações de acordos online e até mapear dados.

“Tem clientes nossos com muitas ações judiciais, imagina procurar essas empresas. A gente ajuda, capturando os processos na justiça, cadastrando no sistema do cliente e mostrando numa visão de big data”, explica Feigelson. A empresa a cada ano vem dobrando de tamanho e já conta com 70 funcionários. Para Feigelson, a chegada da web 3.0 é um dos momentos mais interessantes do mercado jurídico para crescer com tecnologia e exponenciar soluções.

Renata Nilsson, fundadora da PX Ativos Judiciais (Foto: Divulgação)
Renata Nilsson, fundadora da PX Ativos Judiciais (Foto: Divulgação)

Advogada de formação, Renata Nilsson também utilizou sua expertise em direito para o mundo de negócios. Em 2020, ela fundou a PX Ativos Judiciais, empresa que adquire créditos de ações judiciais e paga uma remuneração baseada no ganho da ação após um desfecho favorável na justiça. “Eu vivi na prática a experiência de ter um escritório e tentar crescer, mas não conseguir por falta de liquidez. Só ganhando com o êxito da ação”, diz Nilsson

A startup tem parceria com a Galápagos Capital, que tem um fundo para financiar a compra desses processos. Segundo Nilsson, a legaltech analisa dados públicos e avalia quais processos têm o perfil para compra, oferecendo uma proposta. A forma de faturamento, diz ela, é uma remuneração fixa e participações no resultado do fundo. Na próxima semana, a PX pretende abrir mais um fundo relacionado a precatórios. “Muitos advogados nos procuram para ajudar na questão de jurimetria a fim de melhorar a carteira, fazer análises, e [saber] se seguem ou não com determinada demanda”, afirma ela.

Jurimetria é o foco da Deep Legal Analytics, que usa inteligência artificial para monitorar e prevê resultados de ações judiciais. Formada em direito, Vanessa Louzada era sócia de um escritório de advocacia quando decidiu empreender no setor e criar a startup. “No escritório, nós atuavamos para empresas que tinham muitos processos. Avaliei que não dava para fazer uma advocacia tradicional, precisávamos ter uma advocacia mais focada na gestão e nos negócios”, relata. Com pouca tecnologia e sem dados suficientes, ela conheceu um software desenvolvido por Raul Figueiredo e Ricardo Rezende, que monitorava dados e analisava quais processos tinham mais chance de vencer ou perder.

Foi o pontapé para a criação da Deep Legal. Atualmente, a legaltech acerta mais de 80% das previsões de ações judiciais por mês. Para isso, é necessário usar robôs, que coletam os dados dos tribunais para entender os trâmites dos processos. “O direito não é como antigamente, algo tradicional e fechado. Como o ecossistema é altamente ineficiente, nós pensamos nessa advocacia mais próxima do cidadão, mais ágil, entregando resultados e focada em dados”, afirma Louzada.

COMPARTILHAR
VEJA TAMBÉM
agenda ab2l

AGENDA AB2L SETEMBRO 2023

Quer Saber Mais? Acesse Agenda AB2LConvide um representante da AB2L para o seu evento aqui!Agenda está sujeita a
1695128031397

Evento jurídico destaca aumento de tecnologia e inovação

Publicação original O Globo Casos práticos e aumento de 300% de startups jurídicas no Brasil comprovam mudança de
Imagem: Pixabay

Online brand protection: a estratégia das empresas para defender a propriedade intelectual

Publicação original Lexlatin Medida é fundamental para evitar danos que podem ser irreparáveis tanto para os titulares de
Imagem: Pixabay

Microsoft integra inteligência artificial ‘Copilot’ no Windows, Office e outros aplicativos

Publicação original Valor Investe Funcionalidades do Copilot serão adicionadas na próxima atualização do Windows 11 que será lançada na
EMPRESAS ALIADAS

Receba nossa Newsletter

Nossas novidades direto em sua caixa de entrada.