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10 dicas para o jurídico não ser cancelado pela equipe de marketing

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10 dicas para o jurídico não ser cancelado pela equipe de marketing
Imagem: @krakenimages/Unsplash

De quem é a culpa pela demora na análise de um contrato ou de uma nova estratégia comercial? É muito comum que o jurídico seja lembrado na maioria das respostas, especialmente se a pergunta for feita a um profissional da área de marketing. Quase sempre visto como um mal necessário ou um obstáculo custoso, durante muito tempo o departamento jurídico foi sinônimo de atraso. É natural que seja assim. O jurídico consumia um tempo precioso que prejudicava o timing de qualquer estratégia corporativa. Isso mesmo, consumia; mas será que precisa continuar assim?

Advogados corporativos finalmente entenderam que é necessário se aproximar do business para gerar valor e justificar a própria importância. Reproduzir leis, julgados e pareceres complexos não agrega mais valor ao negócio como há 20 anos. Em um mundo onde o campo de batalha das vendas é travado nas rápidas redes sociais, que levam campanhas a viralizar em segundos, se o marketing e o jurídico não estiverem na mesma sintonia, algo pode acabar tendo que ser sacrificado: a segurança jurídica ou a própria estratégia comercial. Não há meio termo.

Pensando nessa dicotomia, representada pela falta de entrosamento e a dificuldade natural de ajustar o diálogo entre áreas tão diferentes, reunimos 10 recomendações de Legal Operations (LegalOps) para auxiliar o advogado corporativo que se coloca como business partner de marketing a garantir o balanço perfeito entre ousadia e responsabilidade nas suas funções

  1. Adote a metodologia ágil. Um time de marketing precisa de agilidade na resposta, porque o tempo é crucial na adoção de uma estratégia de sucesso. Então, não perca tempo e adote a gestão jurídica ágil. Organize seu método para controlar as consultas e prepare seu time para múltiplas entregas com qualidade. Evite reuniões sem pauta, com muitos participantes ou sem atribuição de ‘next steps’ no final. Mitigar riscos, responder rápido e ter um embasamento consistente não é um sonho impossível quando há organização e adoção de uma metodologia compartilhada na equipe, seja para pequenos ou grandes assuntos. Antes, organize o meio principal pelo qual a consulta deve ser realizada — e-mail, chat corporativo, sistema de consultas — e peça que na consulta tenha o melhor deadline para a resposta, considerando o prazo máximo padrão acordado entre áreas, o famoso Service Level Agreement (SLA). Com estes dois indicadores você ainda deverá estabelecer seu nível de controle, isto é, ferramentas de micro ou macro gerenciamento. Para critérios de organização de um jurídico consultivo eficiente, sugerimos conhecer a Lawgile, lawtech especializada em metodologia ágil voltada para advogados.

2. Crie fluxos de governança. Para agilizar as entregas, é necessário ter as pessoas certas envolvidas de ponta a ponta. Geralmente, marketing precisa de aprovações urgentes em campanhas e programas de vendas, análise jurídica de uma nova estratégia comercial ou aprovação de um material que vai ser produzido em poucos dias. Estabelecer papéis e responsabilidades entre o jurídico e marketing encurta o processo, evita o retrabalho e possibilita as pessoas certas serem envolvidas desde o início para facilitar a tomada de decisão. E para acelerar um fluxo de governança, é fundamental olhar para as novas tecnologias. Mesmo se o corpo jurídico ainda não tiver intimidade com as últimas tendências, os advogados internos não estão mais desamparados. As startups Legal Studio e Future Law Studio são exemplos de startups que possuem o propósito de auxiliar gestores jurídicos no mapeamento, planejamento e implementação de novas tecnologias, capturando insights e trazendo novas oportunidades de negócio.

3. Personalize o atendimento por áreas de negócio. A estrutura clássica de marketing contempla uma área de criação de marcas e produtos que precisa ter o apoio de um advogado com boa noção de propriedade intelectual e regulação. Já a área de vendas, um advogado com experiência em direito civil e empresarial. Na área de análise de dados, por sua vez, o ideal é o suporte de um advogado com expertise em direito antitruste e privacidade.

4. Tome riscos. O jurídico deve ser visto como um facilitador do negócio, e é impossível fazer isso sem tomar riscos. Naturalmente, o suporte jurídico deve ser realizado com responsabilidade, sendo importante saber o apetite da liderança para ver até onde estão dispostos a ir. Antes de dar um parecer, questione a real possibilidade de situações hipotéticas acontecerem. Se não houver proibição legal expressa, há um caso similar recente? Um julgado isolado é considerado precedente? Se a preocupação for alguma lei em tramitação que pode inviabilizar a iniciativa, existem ferramentas que podem ajudar. O Aprovômetro do JOTA possui 84% de índice de acerto e utiliza big data e inteligência artificial para estimar as chances de aprovação de propostas em tramitação no Congresso Nacional. O risco estimado de uma iniciativa deve sempre ser baseado na realidade. Buscando a tecnologia para apoiar sua análise, os advogados internos entregam com a celeridade que o cliente requer. Assim, o marketing entende seus limites e perde o medo de envolvê-lo. Já o jurídico demonstra jogar a favor do negócio e estimula a construção de um processo criativo cada vez mais responsável.

5. Viabilize estratégias. Conforme comentamos acima, a missão do jurídico corporativo empresarial é antecipar, mitigar e tomar riscos. Sobretudo, sua principal função é viabilizar o negócio. Caso a adoção de um risco seja inviável em virtude de seu alto custo financeiro, reputacional ou violação de norma legal, viabilize a estratégia de outra forma. Proatividade e atitude de dono andam juntos. Promova a mudança e agregue valor por meio da sugestão de alternativas e participando do processo de negócio. A estratégia sensível de hackvertising presente em suas muitas campanhas faz do jurídico do Burger King um ótimo case a ser citado, pois seria inviável executar iniciativas tão ousadas se o time não estivesse presente no processo criativo desde o início.

6. Compartilhe decisões. Se não for possível tomar o risco ou viabilizar uma estratégia alternativa, alguma atitude precisa ser tomada. E a depender do caso concreto, a tomada de uma decisão pode implicar em uma perda financeira de alto valor para a organização ou em risco reputacional. Um jurídico corporativo deve estar preparado para suportar a decisão e compartilhar de suas consequências, seja dando apoio preventivo a eventuais litígios ou criando teses de defesa para, à luz da legislação, atenuar responsabilidades.

7. Faça uma pesquisa de satisfação. Entender como o jurídico é visto pelo cliente interno é fundamental para construir um time de sucesso. Se você não lembra qual foi a última vez que rodou uma pesquisa de satisfação, talvez seja a hora de entender como o seu time está sendo visto pelas demais áreas, de modo a ajustar rapidamente o que precisa ser melhorado. Ferramentas grátis como o Survey Monkey ou o Google Forms podem ajudar a realizar esse levantamento de forma bastante prática e efetiva.

8. Capacite. O advogado que deseja ser um business partner de marketing deve viver a operação e atuar nos detalhes. Algumas dicas de capacitação que podem ser úteis são a promoção de encontros para falar, por exemplo, sobre o marco legal da atividade do core business, os procedimentos relacionados a marcas, os aspectos fiscais da operação, relacionamento, conscientização concorrencial, problemas trabalhistas recorrentes como terceirização, etc. Nessa linha, o Visual Law pode ser um excelente aliado para a construção de políticas e procedimentos internos acessíveis e eficientes em times interdisciplinares, para deixar a capacitação viva e com presença constante no dia a dia da operação.

9. Saiba o que agrega valor. Se você não sabe o que agrega valor ao profissional de marketing da sua empresa, identifique isso urgente. Vocês revisam cláusulas contratuais periodicamente? Às vezes, se dá mais valor na criação de uma cláusula contratual de níveis de serviço para ajudar a gerenciar um fornecedor do que repetir leis em contratos de inúmeras páginas que nunca serão lidas ou objeto de execução forçada. O que acha de reunir jurídico e marketing para, através do esforço colaborativo, construir um documento simples a fim de acelerar o processo de contratação? Ou, ainda, que tal olhar para o passado de modo a identificar contratações repetitivas de baixo risco ou valor para automatizar o processo e acelerar o processo de aprovação? Conhecer o que o marketing enxerga como imprescindível no suporte jurídico é fundamental para estabelecer a sinergia entre as áreas.

10. Abra a caixa-preta do jurídico. Lembre-se que as duas áreas são partes da mesma empresa. Exponha os indicadores, as metas, os prazos e os principais desafios que o departamento jurídico tem como missão quando associados aos objetivos das demais diretorias. Para uma correta estruturação desses dados e adoção de um modelo de negócios eficiente, novamente lembramos da importância de um recurso dedicado ao LegalOps. Este profissional pode fazer a diferença em termos de atuação estratégica e não deixará o jurídico fazer feio, uma vez que seu objetivo é a otimização constante das entregas feitas pelos advogados internos.

As ferramentas e as sugestões que indicamos acima certamente ajudarão na construção de um novo relacionamento entre jurídico e marketing. E para ser visto como aliado do business, não basta dar o melhor parecer jurídico com leis, julgados e doutrinas. O advogado corporativo precisa entender como equilibrar responsabilidade e ousadia, sendo definitivamente parte do time, com atuação focada em atingir os objetivos da empresa de mãos dadas com a área de negócios. Em uma realidade de diminuição de headcount, sem medo de clichê, a tecnologia é a grande aliada na busca por mais eficiência e agilidade nas entregas. A hora do jurídico ser o protagonista pelo atingimento das metas do negócio é agora.

Fonte: Jota

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