
A AB2L iniciou suas atividades em 2017 e, desde então, escreve os capítulos de uma história que tem muito para contar sobre o ecossistema de tecnologia jurídica.
Conheça nossas associadas.
Programas para educar o mercado, fomentar o ecossistema e participar ativamente do processo de regulamentação brasileiro entre direito e tecnologia.
Capítulos regionais/locais exclusivos para associados e grupos abertos ao público em geral.
A evolução tecnológica desenvolve-se cada vez mais rapidamente, e áreas como o Direito e a Tradução – especialmente as traduções científicas – são diretamente impactadas.
É preciso pontuar, de início, que essas duas faculdades dependem do intelecto humano, embora apoiem-se em atividades burocráticas que podem e devem ser otimizadas com o auxílio da tecnologia.
Com o advento da tradução automática virtual oferecida gratuitamente no aplicativo Google Translate, houve uma massificação do acesso aos conteúdos e a materiais subjacentes e comuns a todos os temas da natureza.
Inicialmente, havia uma limitação de idiomas que, com o tempo, foi sendo suplantada.
Depois do Google Translate, outros players relevantes surgiram para facilitar e perspectivar inúmeras profissões.
A chegada do Google Translate acabou com o trabalho do tradutor? De modo algum.
A chegada do Google Translate impactou o trabalho do tradutor? Certamente que sim.
O impacto foi positivo ou negativo? Depende da perspectiva.
Avaliam-se que os tradutores profissionais que atuam hoje em escala global não seriam capazes de traduzir a enormidade de conteúdo gerado no mundo a cada momento. Portanto, a tradução automática veio para democratizar o acesso a esses conteúdos, além de facilitar a quebra das fronteiras entre empresas atuantes e ainda concorrer para a globalização daqueles mercados.
Em contrapartida, sendo os LLMs algoritmos de inteligência artificial que identificam, absorvem e geram linguagem humana a partir de grandes conjuntos de texto, isso poderia levar cientistas a coletarem informações dos big data. Nesse sentido, algumas pessoas defendem uma regulamentação apropriada, de forma a não ameaçar o profissionalismo científico ou a linguagem acadêmica, e tampouco suscetibilizar a confiança pública na ciência e na tecnologia.
É indiscutível que o idioma é a primeira camada de conexão do ser humano com marcas, pessoas e histórias.
Agora, por que falar de Tradução e qual a relação com o Direito?
É preciso pontuar que os LLMs (Large Language Models) ou Grandes Modelos de Linguagem, em português, provocaram um choque em diversas áreas que, de repente, viram-se intimidadas por uma suposta ameaça artificial. Foi como se o nosso intelecto e conhecimento fossem facilmente substituídos por algoritmos e por machine learning.
Vale destacar que o mercado de tradução já convive com essas tais “ameaças” há um bom tempo. A entrada das Neural Machine Translations, ou somente NMT, ainda nem completou 10 anos e já estamos vivendo uma nova revolução.
Os LLMs vão acabar com nossas profissões? Certamente que não. Irão, obviamente, impactar os nossos trabalhos.
Quando imaginaríamos que um chatbot criado para conversar e desenvolver ideias afetaria todos os mercados?
Pode-se afirmar que os LLMs ainda têm falhas com suas “hallucinations” que demandam uma dinâmica de human-in-the-loop, ou seja, a validação do conteúdo por um ser humano.
Porém, em um processo com inúmeros documentos em vários idiomas, a utilização dos LLMs para identificar assuntos cruciais, ou mesmo para traduzir algum conteúdo rapidamente, com uma qualidade básica suficiente apenas para entendimento, reduziria pelo menos em algumas semanas o trabalho dos paralegals e dos advogados.
No Congresso da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L), realizado em agosto de 2023, participei de conversas incríveis sobre como os LLMs poderão afetar positivamente e potencializar o trabalho dos advogados. Não haverá substituição. O que certamente ocorrerá é que os advogados potencializarão seus serviços com eficácia. O mesmo acontecerá com os tradutores.
Os LLMs servem para todas as traduções ou todas as atividades advocatícias?
Certamente que não.
Entretanto, não há dúvidas de que o uso planejado dessas tecnologias aumentará a produtividade e a efetividade de ambas as profissões. O desenvolvimento tecnológico está cada vez mais rápido e participará progressivamente do nosso dia a dia, portanto, nada mais natural do que inclui-lo em nosso ambiente de trabalho.
Paulo Pereira Guimarães é Diretor Administrativo da R&A Translators. Com atuação frequente em congressos de Propriedade Intelectual e Tradução, atua desde 2006 com tradução jurídica e hoje é o atual presidente da Associação Brasileira de Serviços Linguísticos – BLISS. É também o atual Chair do Member Program Committee da GALA (Globalization and Localization Association – EUA).
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