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A tecnologia mãe

“Eles crescem tão rápido”. Essa típica frase de mãe introduz muito bem o assunto de hoje, afinal, de quais formas a tecnologia vem impactando na vida (e no tempo livre) das mães?
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<i class='fa fa-lock' aria-hidden='true' title='Este conteúdo é exclusivo para associados'></i> A tecnologia mãe
Imagem: Freepik

Texto de Renato Navas, estrategista de conteúdo AB2L, para o Observatório AB2L

Todos sabem que o papel da maternidade não é fácil. Desde a concepção, são elas que carregam uma criança inteira dentro de si – até mesmo no caso das mães de coração (à espera de um bebê de outra barriga), há relatos de que conseguem sentir as dores da gravidez. No desenvolvimento da criança, é recente a chegada dos pais, que ainda vem timidamente mudando o papel da paternidade como sendo algo realmente participativo. Em muitas casas, ainda são elas que levam seus filhos ao médico, à escola, que preparam as refeições e cuidam do banho, conciliando a educação de um ser humano com uma carreira, uma vida social e amorosa, uma vida. Falta tempo – e essa falta de tempo se converte em um tempo que, ironicamente, passa depressa, ou ao menos mais rápido do que elas gostariam. Como converter isso? Como fazer com que mães tenham mais tempo para si e para o lado bom da maternidade?

Antes de qualquer coisa, é importante que coloquemos o educar dos filhos como uma tarefa laboral com o peso de ser a mais importante para a sociedade e, tal como acontece com qualquer outro trabalho, a maternidade nem sempre foi como é hoje. O próprio conceito de “amor de mãe” é relativamente recente na cultura ocidental. Durante a idade média europeia, a fome assolava um continente marcado pela desigualdade entre nobreza, igreja e todo o resto. Uma boca a mais não trazia exatamente felicidade, especialmente porque nem sempre vinha de um casamento desejado. Histórias como “João e Maria”, onde os pais abandonam seus filhos (e outras ainda mais horripilantes), eram comuns e reais. Na verdade, praticamente todos os contos de fada que conhecemos, na sua época estavam mais para novelas, retratos fictícios de uma realidade extremamente violenta.

Durante a revolução industrial, essa relação esfriou ainda mais. Com mão de obra barata, as mães trabalhavam e mandavam seus filhos para trabalhar nas fábricas onde, não raro, voltavam amputados por máquinas ou mesmo mortos – um sacrifício necessário para colocar a pouca comida na mesa. É só no século XX, quando começamos a viver um momento de maior prosperidade, que a maternidade se encaminha para o que conhecemos hoje. Mães saem das fábricas e são colocadas dentro de casa. É vendido um modelo ideal de família, com uma mãe zelosa que cuida do lar e das crianças e um marido valoroso, que traz o sustento. Nesse mesmo momento, crianças param de ser vistas apenas como pequenos adultos infuncionais e se tornam seres dependentes dos cuidados dessas mães, que tem por dever educar e, obviamente, amar seus filhos.

Com o percorrer do século XX, movimentos trabalhistas, raciais, LGBTs, feministas, científicos, políticos e tantos outros agitaram a organização social, algo que refletiu diretamente no educar dos filhos. Entre o início do século e seu final, as mulheres se emanciparam, saindo e voltando para o mercado de trabalho e enfrentando diferentes tipos de gerações de filhos. Define-se por “tecnologia”, “a teoria geral e/ou estudo sistemático sobre técnicas, processos, métodos, meios e instrumentos de um ou mais ofícios ou domínios da atividade humana”. Nada evoluiu tanto do início do século XX para os dias atuais, quanto a tecnologia envolvida com o educar. Sim, o ser humano voou, encontrou curas para doenças e até pisou na lua durante esse século, mas nada se compara com o avanço da maternidade.

A gente consegue uma prova desse avanço olhando os últimos dois anos, quando uma pandemia obrigou que deixássemos o escritório e passássemos a trabalhar de casa. Pedimos para que algumas associadas da AB2L mandassem seus relatos de “como a tecnologia auxilia na educação dos filhos”, em um entendimento popular do que significa “tecnologia”, e observem os relatos: 

“Meu filho ficou doentinho e esse é um exemplo real dos desafios da maternidade na era digital. Fiquei esses dias lidando com home office e criança doente, entre horários de remédios e de reuniões, mensagens para a médica e para os clientes ao mesmo tempo, poucas horas de sono para medir febre e manter o trabalho em dia. Mas, apesar de cansativo, ainda é muito melhor do que precisar deixar ele com alguém para estar na empresa ou ficar angustiada em casa sem saber se o trabalho está correndo bem enquanto cuido dele em casa. Os desafios são enormes para estabelecermos limites e fronteiras, mas os benefícios são maiores porque nos permite conciliar de forma mais ágil e prática a rotina profissional com a maternidade (e deixa a gente mais pertinho da cria, o que não tem preço!!!).” – Mariellen Romero, sócia da táLIGADO Comunicação Conectada

“Vamos lá, para falarmos como a tecnologia impacta nas relações maternais nos dias atuais é preciso falar em uma reconfiguração das mesmas. As mães, em especial, tiveram que se reinventar para lidar com esse terceiro na relação com os filhos. Disputar a atenção com jogos, vídeos e tudo que tem por aí atrelado à tecnologia é tarefa que não estava inclusa no pacote da maternidade até pouco tempo atrás. É claro que não podemos deixar de citar que existem benefícios, na educação, na comunicação e por aí vai, mas tentar impor os limites necessários para educar uma criança atualmente é tarefa desafiadora.” –Cinara Santos, Advogada Consensual

“Em meu maternar, a tecnologia é essencial para me ajudar a conciliar os diversos papéis que conduzo na minha vida: mãe, empreendedora, esposa, dona de casa. Desde a comunicação com a escola e professores, a verificação de como meus filhos estão passando seu dia, até resolver as burocracias do dia-a-dia de uma casa. Não sei como seria minha rotina sem ter a tecnologia como aliada para resolver questões de maneira mais prática, a ser eficiente na organização das diversas funções e não deixar nenhum pratinho cair, além de conseguir ganhar mais tempo para o que realmente importa: estar com minha família.” – Juliana Barbiero – CEO Lexly Brasil

“‘Um belo dia resolvi mudar e fazer tudo que queria fazer’. Por mais que tenhamos apego e carinho pela empresa que estamos, chega um momento que é a hora de aceitar que você precisa de mais! Precisa aceitar que ali já está pequeno demais para ti e, depois que nos tornamos mãe, as coisas tendem a ser ainda mais estreitas. O medo do recomeço é grande mas, também é preciso pensar naquela vida que resolvemos trazer a esse mundo e passar a pô-la em primeiro lugar, ir em busca do “trabalho ideal” onde tenhamos mais tempo para os pequenos. Impossível? Home office, poder levar o filho à escola, brincar com ele durante o intervalo? Sim, é possível e posso dizer que estou vivenciando o meu sonho de maternidade. Graças a AB2L (e a cada Associado) posso dizer que hoje eu me sinto realizada como mãe e como profissional!” – Élica Oliveira Jacobsen, Executive Assistant da AB2L

Esses depoimentos provam como a dinâmica familiar mudou nos últimos anos graças ao home office – e nem entramos no mérito das centenas de gadgets e aplicativos que facilitam a vida na casa, fazendo também sobrar mais tempo com os filhos. Mas e se fossemos além? Para concluirmos essa reflexão sobre a evolução da maternidade, precisamos voltar à definição ampla de tecnologia para entendermos que o maior avanço tecnológico não está exatamente na palma das nossas mãos, mas na consciência comum sobre a maternidade e o educar. São pais estando mais presentes e atuantes, famílias compostas por uma, duas, várias ou nenhuma mãe, chefias entendendo as complexidades e necessidades de quem tem filhos e, apenas no final da ponta, empresas que veem esse mercado potencial, criando recursos que auxiliam não apenas mães, como se diria antigamente, mas famílias inteiras.

Ainda há sim um longo caminho para que mães tenham a qualidade de vida que merecem, mas estamos no sentido certo. Hoje, os desafios da maternidade se confundem com os desafios familiares. As famílias estão cada vez mais complexas, com formações cada vez mais diversas, gerando indivíduos cada vez mais autônomos. As mães de hoje se veem em um trabalho ainda mais importante que as de ontem: educar as mães e pais do futuro para estarem prontos para os desafios do amanhã. Um trabalho impossível se não tiver a participação efetiva de todos ao seu redor.

Ps. Como dia das mães é todo dia, fica aqui nosso carinho especial depois do segundo domingo de maio: Um feliz dia das mães!

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