A AB2L iniciou suas atividades em 2017 e, desde então, escreve os capítulos de uma história que tem muito para contar sobre o ecossistema de tecnologia jurídica.
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A prática da advocacia tem passado por diversas transformações nos últimos anos e, nesse processo, a tecnologia surge como uma ferramenta de trabalho essencial. Enquanto alguns escritórios de advocacia insistem em trabalhar com sistemas ineficientes para a gestão geral do trabalho, outros já estão completamente integrados com a tecnologia.
A profissão, de fato, parece estar caminhando para algo exponencialmente novo. Atualmente, softwares já são capazes de escrever petições sozinhos, analisar o comportamento de determinados juízes, consultar 200 milhões de páginas em segundos e até sugerir decisões a serem tomadas. No entanto, isso não quer dizer que advogados serão dispensáveis.
Ao implementar essas novas soluções, é possível diminuir o tempo gasto com tarefas automáticas e repetitivas, e oferecer ao advogado a possibilidade de realizar atividades mais complexas e que exijam mais o lado intelectual desses profissionais. No futuro, os advogados serão requisitados para analisar resultados, resolver casos e aconselhar clientes.
Com todas essas transformações, as habilidades necessárias para desempenhar a profissão estão se alterando e novas estão surgindo. Conversamos com diversos especialistas da área e descobrimos seis novas competências que os advogados precisarão desenvolver no futuro:
Há alguns anos, era preciso buscar uma informação analisando documento por documento, tarefa que poderia levar uma quantia considerável de tempo. Hoje, com a implementação da inteligência artificial, um software é capaz de fazer essa busca em minutos.
Porém, para que a inteligência artificial torne o trabalho de um advogado mais efetivo, o profissional deve estar à altura. Será necessário que o advogado entenda como funcionam os bancos de dados e como prepará-los para que a informação que ele cadastre possa ser útil depois. De acordo com Bruno Feigelson, presidente da AB2L, os advogados que entenderem de estatísticas e dados serão os profissionais mais diferenciados do mercado.
Com a chegada da Nova Economia, o novo profissional do Direito também precisa desenvolver um novo mindset. No caso, uma das características essenciais para o profissional no futuro é ser mais colaborativo.
Os benefícios da colaboração são inúmeros. Segundo uma pesquisa realizada pela Deloitte, empresas que priorizam a colaboração tem duas vezes mais probabilidade de serem lucrativas e de ultrapassar competidores. Isso, porque a colaboração promove a troca de experiências e de conhecimento favorecendo todos os lados envolvidos. Não é à toa que essa é um dos maiores diferenciais do ecossistema do Vale do Silício.
Não adianta só implantar a tecnologia, é necessário também se preparar para interagir com ela. Assim como a sociedade em geral, o universo jurídico precisa entender sobre tecnologia para defender pessoas inseridas dentro dessa nova cultura. Segundo Bruno Feigelson, os profissionais precisam se preparar para possuir noções básicas de tecnologia e de análise de dados, procurando cursos de programação para advogados, por exemplo.
Vanessa Louzada, advogada e sócia da Neolaw, concorda: “A formação em Direito pode ser considerada deficiente, já que ainda não abrange esse conhecimento tecnológico. É preciso ter vontade e curiosidade, pois essa necessidade é algo difundido e divulgado, além de que o acesso à tecnologia é extremamente fácil!”.
Além de desenvolver expertises em tecnologia e programação, o advogado terá que se aprofundar em questões filosóficas e mais complexas. Um dos motivos para isso é que o trabalho automático ficará para as máquinas, enquanto que o intelectual ficará completamente para os humanos. Outro motivo são as novas relações e problemas que surgirão com novas tecnologias.
“As causas do futuro serão causas que hoje não são pensadas. Como no caso de uma batida de um carro autônomo, com uma eventual fatalidade, quem responderia por isso? Ou no caso das músicas, como se daria o repasse de royalties de músicas criadas por inteligência artificial? São questões complexas que exigem um alto nível intelectual”, diz Clarissa Luz, cofundadora do coletivo jurídico Nós 8.
O advogado do futuro precisa colocar as pessoas em primeiro lugar. Contratar pessoas pensando na diversidade, com perfis complementares e backgrounds diferentes, faz toda a diferença na hora de inovar dentro de uma empresa e, futuramente, implantar tecnologias.
“A valorização do ser humano deve ser o centro em termos de liderança. Isso porque, além de contribuir com o resultado e reconhecimento do time, tem um impacto positivo dentro da empresa e gera um ambiente mais criativo”, conta Christiano Xavier, CEO da Future Law.
Mas não só é preciso pensar nas pessoas que compõe a sua equipe, mas também no cliente. “O advogado precisa ser mais aberto e receptivo, procurando ter mais sensibilidade para entender o cliente”, defende Rosely Cruz, advogada e sócia-fundadora da Neolaw.
Advogados são conhecidos por utilizarem uma linguagem mais rebuscada, muitas vezes chamada de “juridiquês”. Apesar de ser uma tradição, essa comunicação está cada vez mais distante do momento em que vivemos atualmente. Como consequência, a área se torna distante e muitas vezes inacessível.
Segundo Rosely Cruz, isso é um ponto a ser melhorado: “O Direito é muito distante, é muito técnico. É preciso apostar em uma comunicação transparente e fácil: o mundo não comporta mais expressões como ‘veio por meio deste’ ou ‘por obséquio’”. A tendência, segundo ela, é apostar em uma linguagem mais direta e baseada em dados e resultados.
Por Isabella Câmara
Fonte: https://conteudo.startse.com.br/startups/lawtech/isabella/habilidades-advogados-lawtech/
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